Cientistas encontraram pela primeira vez água e matéria orgânica na superfície de uma amostra de asteroide. A amostra, que era apenas um único grão, é do asteroide Itokawa e foram coletadas em 2010. A descoberta foi relatada nesta quinta-feira (4) na revista científica Scientific Reports.
"A missão Hayabusa […] [trouxe] amostras de um pequeno asteroide próximo à Terra chamado Itokawa para análise detalhada em laboratórios na Terra […]. Nossa análise de um único grão, apelidado de 'Amazon', preservou a matéria orgânica primitiva e processada […]. A matéria orgânica que foi aquecida indica que o asteroide foi aquecido a mais de 600 graus Celsius no passado. A presença de matéria orgânica não aquecida […] significa que a queda de orgânicos primitivos chegou à superfície de Itokawa depois que o asteroide esfriou", explica Queenie Chan, principal autora do estudo, em comunicado.
A descoberta sugere que o asteroide vem evoluindo há bilhões de anos, incorporando o líquido e o material orgânico da mesma forma que a Terra. O asteroide resistiu ao calor extremo, desidratação e fragmentação, mas conseguiu se reformar e reidratar usando o material que coletou.
Materiais orgânicos essenciais para a vida na Terra são encontrados pela primeira vez na superfície de um asteroide
O estudo também mostra que os asteroides do tipo S, que são os mais comuns entre os que passam pela Terra, podem conter os componentes brutos da vida. De acordo com os cientistas, isso pode reescrever nosso conhecimento da história da vida na Terra, que anteriormente se concentrava em asteroides do tipo C, ricos em carbono.
"Essas descobertas são realmente empolgantes, pois revelam detalhes complexos da história de um asteroide e como seu caminho de evolução é tão semelhante ao da Terra pré-biótica", acrescenta Chan.
Espera-se que a análise desta amostra sirva de base para análises mais detalhadas de outras amostragens. A missão Hayabusa2, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA, na sigla em inglês), trouxe para a Terra pedaços do asteroide Ryugu no ano passado. A cápsula aterrissou no dia 6 de dezembro no deserto do sul da Austrália, com peso que não supera 0,1 grama. Essas são as primeiras amostras retiradas de material subterrâneo de um asteroide.
Em 2019, amostras do asteroide Bennu revelaram que ele era, na verdade, mais antigo do que os cientistas pensavam anteriormente, fornecendo uma nova visão sobre como a evolução do Sistema Solar ocorreu. As observações de Bennu também confirmaram a presença de materiais hidratados generalizados e abundantes, bem como a surpreendente presença de grandes blocos rochosos.