Cientistas encontram evidências da existência de uma 5ª camada terrestre

Pesquisadores australianos descobriram que provavelmente a Terra possui uma quinta camada interna, além das quatro atualmente conhecidas. Equipe ainda está desenvolvendo novo método para comprovar evidências.
Sputnik

Equipe de cientistas australianos encontrou evidências de que o núcleo interno da Terra parece ter outro núcleo, ainda mais interno. Tradicionalmente aprendemos, desde o ensino fundamental, que Terra tem quatro camadas principais: a crosta, o manto, o núcleo externo e o núcleo interno.

Os conhecimentos até agora existentes sobre como nosso planeta é constituído internamente foram inferidos principalmente pelo estudo dos vulcões e das ondas sísmicas.

Joanne Stephenson, geofísica da Universidade Nacional Australiana, e sua equipe trazem à tona novas evidências de que o núcleo interno da Terra pode ser composto por duas camadas distintas, tendo o planeta, portanto, uma quinta camada. O recém-divulgado estudo foi publicado na Journal of Geophysical Research.

"É muito empolgante – e pode significar que teremos que reescrever os livros didáticos!", exclamou Stephenson.

A equipe usou um algoritmo de pesquisa para analisar e combinar milhares de modelos do núcleo interno com dados observados ao longo de muitas décadas que indicam quanto tempo as ondas sísmicas levam para viajar pelo centro da Terra, coletados pelo Centro Sismológico Internacional.

A equipe examinou alguns modelos de anisotropia do núcleo interno – como as diferenças na composição de seu material alteram as propriedades das ondas sísmicas – e descobriu que alguns eram mais prováveis do que outros.

Cientistas encontram evidências da existência de uma 5ª camada terrestre

Enquanto alguns modelos propõem que o material do núcleo interno canaliza as ondas sísmicas mais depressa paralelamente ao equador, outros argumentam que a mistura de materiais permite ondas mais rápidas e mais paralelas ao eixo de rotação da Terra. A presença de uma camada mais interna já é suspeitada há algum tempo, com indícios de que os cristais de ferro que compõem o núcleo interno possuam alinhamentos estruturais diferentes.

"Encontramos evidências que podem indicar uma mudança na estrutura do ferro, o que sugere talvez dois eventos separados de resfriamento na história da Terra", disse Stephenson.

Os detalhes do estudo ainda precisam de mais confirmações, mas ele já coloca em xeque todo o conhecimento atual sobre o núcleo interno do planeta. Essas novas descobertas podem explicar por que alguns experimentos são inconsistentes quando feitos nos modelos atuais da estrutura da Terra.

"Estamos limitados pela distribuição de terremotos e receptores globais, especialmente nos antípodas polares", escreveu também a equipe, explicando que os dados ausentes diminuem a certeza de suas conclusões.

Um novo método atualmente em desenvolvimento pode em breve preencher algumas dessas lacunas de dados e permitir que os cientistas corroborem ou contradigam suas descobertas, ajudando a desvendar os mistérios que existem bem debaixo de nossos pés.

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