Um grupo formado por cerca de 80 democratas da Câmara dos Representantes dos EUA instou o presidente Joe Biden na terça-feira (2) a revogar as sanções "cruéis" que o ex-presidente, o republicano Donald Trump, impôs a Cuba.
"Com o golpe de uma caneta, você pode ajudar famílias cubanas em dificuldades e promover uma abordagem mais construtiva", lê-se na carta dos congressistas endereçada ao presidente dos EUA, a que agência Reuters teve acesso. Na missiva, o grupo pede a Biden que assine uma ordem executiva "sem demora" para acabar com as restrições a viagens e remessas, observando que bem mais da metade dos cubanos dependem desse último.
A carta é encabeçada pelos legisladores Bobby Rush, Gwen Moore, Barbara Lee e Steve Cohen, defensores de longa data do estreitamento dos laços EUA-Cuba. Os signatários também incluíram os líderes dos comitês de Relações Exteriores, Serviços Financeiros e Dotações da Câmara dos Representantes.
De volta à era Obama
O endurecimento do embargo comercial de décadas dos EUA a Cuba durante a administração Trump infligiu mais dor à economia da ilha em dificuldades, contribuindo para o agravamento da escassez de alimentos e medicamentos, afirma a mídia.
A administração Trump tomou mais de 200 iniciativas para endurecer o embargo comercial em quatro anos, argumentando preocupações sobre a falta de democracia e o apoio de Havana ao governo socialista da Venezuela.
O democrata Biden prometeu durante a campanha para presidente dos EUA reverter as decisões políticas de Trump que "infligiram danos ao povo cubano e não fizeram nada para promover a democracia e os direitos humanos" na ilha caribenha. Mas Biden ainda não indicou se voltará totalmente à distensão histórica iniciada pelo ex-presidente Barack Obama, de quem Biden foi vice-presidente.
"Esta carta, assinada por vários atores-chave na Câmara dos Representantes, ajudará a capacitar funcionários de política externa dos EUA no governo Biden que buscam reconstruir o que Trump destruiu, uma abordagem construtiva, produtiva e civil em relação a Cuba e seu povo", afirmou à Reuters Peter Kornbluh, analista sênior do Arquivo de Segurança Nacional dos EUA.
A carta também insta Biden a reiniciar o envolvimento diplomático em áreas de interesse mútuo, como saúde e segurança, e restaurar a embaixada dos EUA, que foi bastante reduzida sob a tutela Trump por causa de incidentes de saúde ainda não totalmente explicados com diplomatas norte-americanos em Havana.
Todavia, um funcionário da Casa Branca diminuiu as esperanças de uma mudança rápida na relação com Cuba, dizendo que não estava entre as principais prioridades de Biden, que incluem a pandemia do novo coronavírus, recuperação econômica dos EUA e a reconstrução de alianças no exterior.
Questionado sobre as perspectivas de flexibilizar as remessas e as restrições às viagens familiares, o funcionário da Casa Branca disse à mídia: "Os melhores embaixadores são o povo norte-americano, especificamente os cubano-americanos que pode chegar com remessas e viagens".
Mas o funcionário se recusou a fornecer um cronograma para tais mudanças, dizendo que "francamente, as primeiras coisas primeiro."