Há mais mortes por COVID-19 em países com mais pessoas com sobrepeso, diz relatório

"A correlação entre as taxas de obesidade e mortalidade da COVID-19 é clara e convincente", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Sputnik

Países com altos níveis de pessoas com excesso de peso têm as taxas de mortalidade mais altas em decorrência da COVID-19, revela um relatório da Federação Mundial de Obesidade. Cerca de 2,2 milhões das 2,5 milhões de mortes por causa da COVID-19 ocorreram em países com altos níveis de pessoas com sobrepeso, diz o relatório, citado pelo jornal The Guardian. Países como Reino Unido, EUA e Itália, onde mais de 50% dos adultos estão acima do peso, apresentam as maiores proporções de mortes relacionadas ao novo coronavírus.

O problema não é apenas a obesidade, ressalta o relatório, mas os níveis de peso que muitos assumem agora são normais. As taxas de mortalidade são 10 vezes maiores naqueles países em que mais da metade dos adultos tinham um índice de massa corporal (IMC) de mais de 25, o ponto em que o peso normal se transforma em excesso de peso.

"Ficamos chocados ao ver uma correlação tão alta entre a proporção de adultos com excesso de peso de um país e suas mortes por COVID-19 […]. Agora sabemos que uma população com excesso de peso é a próxima pandemia esperando para acontecer", afirmou Tim Lobstein, autor do relatório e ex-conselheiro da OMS.

Os resultados levam em consideração a idade e não são distorcidos por dados insuficientes de alguns países, ressalta Lobstein. As mortes tendem a ser relatadas com precisão, mesmo que as hospitalizações não o sejam. Os cientistas ajustaram o Produto Interno Bruto (PIB) e descobriram que os níveis de renda também não contribuíram para as mortes.

Há mais mortes por COVID-19 em países com mais pessoas com sobrepeso, diz relatório

"Existem países ricos com baixos níveis de excesso de peso, como Japão e Coréia do Sul, e eles têm taxas de mortalidade de COVID-19 muito baixas. Da mesma forma, existem países de baixa renda, como a África do Sul e o Brasil, onde o excesso de peso agora afeta mais da metade da população, onde observamos altas taxas de mortalidade por Covid-19", explica Lobstein.

'Correlação clara e convincente'

Entre os países onde mais da metade da população adulta está acima do peso, a Bélgica tem o maior índice de mortes, seguida pela Eslovênia e o Reino Unido. Itália e Portugal estão em quinto e sexto, respectivamente, enquanto os EUA estão em oitavo. O Vietnã, por outro lado, tem o nível mais baixo de excesso de peso na população e a segunda taxa de mortalidade de COVID-19 mais baixa do mundo.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que o relatório deve atuar como um alerta aos governos em todo o mundo para combater a obesidade e os problemas de saúde que ela causa. "A correlação entre as taxas de obesidade e mortalidade da COVID-19 é clara e convincente", disse.

Há mais mortes por COVID-19 em países com mais pessoas com sobrepeso, diz relatório
"O investimento em saúde pública e uma ação internacional coordenada para combater as causas profundas da obesidade é uma das melhores maneiras para os países criarem resiliência nos sistemas de saúde pós-pandemia: instamos todos os países a aproveitarem este momento", acrescentou Ghebreyesus.

O maior fator no número de mortes é a idade, diz o relatório, mas o excesso de peso vem em segundo lugar. Pessoas com sobrepeso devem ter maior prioridade para vacinas e testes por causa do aumento do risco de morte, diz a Federação Mundial de Obesidade.

Vacina menos eficaz em pessoas obesas

Pesquisadores italianos descobriram que profissionais de saúde com obesidade produziram apenas cerca de metade da quantidade de anticorpos esperada após a segunda dose da vacina desenvolvida pelas farmacêuticas norte-americanas Pfizer e BioNTech contra a COVID-19.

Os cientistas afirmam que os dados sugerem que as pessoas com obesidade vão precisam de uma dose de reforço adicional para garantir que estão adequadamente protegidas contra o SARS-CoV-2.

Outro estudo, com profissionais de saúde brasileiros, mostrou que a reinfecção com SARS-CoV-2 também era mais comum entre pessoas com IMC alto e que elas tendiam a ter respostas de anticorpos mais baixas à infecção original.

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