Irã questiona 'tratamento preferencial' de Israel na AIEA, não obstante seu arsenal nuclear

Representante de Teerã nas organizações internacionais em Viena, Áustria, questionou o que considera um "tratamento preferencial" de Tel Aviv na área nuclear em comparação com o Irã.
Sputnik

O suposto arsenal nuclear de Israel representa uma ameaça ao Oriente Médio e ao mundo, e Teerã está preocupada com o aparente tratamento preferencial do país por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), apesar de Israel não ser signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), disse na quinta-feira (4) Kazem Gharibabadi, embaixador do Irã nas organizações internacionais em Viena, Áustria.

"Como todos [os países] da região do Oriente Médio, exceto o regime israelense, são partes do TNP e se comprometeram a aceitar as salvaguardas abrangentes da agência, o desenvolvimento de um programa clandestino de armas nucleares por este regime representa uma séria ameaça contínua não só à segurança e estabilidade da região e do mundo, mas também à eficácia e eficiência do TNP e do regime de salvaguardas da agência", afirmou Gharibabadi durante o conselho de governadores da AIEA.

O diplomata sugeriu que, apesar de Israel ser censurado nas Nações Unidas e na AIEA por suas supostas violações do regime de não-proliferação, o país tem se recusado a aderir ao TNP, ou a colocar suas instalações e atividades nucleares sob o regime de salvaguardas da AIEA.

"Ironicamente, Israel está até mesmo desfrutando de um tratamento preferencial em comparação com os Estados detentores de armas nucleares, uma vez que eles são subscritores do TNP e têm várias obrigações, especificamente sob os Artigos I e VI do tratado", argumentou o representante iraniano. Os artigos mencionados referem-se à não transferência de tecnologias de armas nucleares e às conversações de boa fé sobre a cessação da corrida armamentista nuclear e o desarmamento.

"É uma clara contradição que Israel, não sendo subscritor do TNP, esteja desfrutando de todos os direitos e privilégios devidos a sua adesão à AIEA, ao mesmo tempo que se considera livre de qualquer responsabilidade, e participa de todas as deliberações da agência relacionadas aos membros do TNP", disse o diplomata.

É "uma ironia" que a AIEA tenha concentrado suas atenções no Irã e em outros países subscritores do TNP enquanto comete "o erro estratégico crônico" de "ignorar os materiais e atividades nucleares de Israel na volátil região do Oriente Médio", afirmou Gharibabadi, sugerindo que esta "falha muito grave" precisa ser corrigida.

Caso contrário, pergunta, "qual é a vantagem de ser membro do TNP e de implementar plenamente as salvaguardas da agência"?

Política nuclear de Israel

Tel Aviv desenvolve uma política de "ambiguidade nuclear", ou seja, não confirma nem desmente a posse de armas nucleares. Ao mesmo tempo, o país se reserva o direito de realizar operações militares ou agir de outra forma para interromper as atividades de qualquer potência do Oriente Médio que acredita poder vir a possuir armas nucleares.

Israel tem instado repetidamente a comunidade internacional a agir contra o programa nuclear do Irã e seu suposto componente militar secreto. Tel Aviv também ameaçou que não descartaria ações militares unilaterais para deter este suposto programa de armas. Benjamin Netanyahu, premiê israelense, tem afirmado durante grande parte da última década que o Irã está prestes a obter armas nucleares, referindo prazos de "semanas" ou "meses".

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