O país está em crise desde o golpe militar em 1º de fevereiro, que destituiu a líder civil Aung San Suu Kyi e desencadeou grandes protestos contra a nova junta militar.
A polícia e os militares responderam com uma repressão cada vez maior contra os manifestantes, com mais de 50 pessoas mortas e quase 1.800 detidos.
Apesar do risco, os manifestantes se reuniram hoje (8) em partes de Rangum, o principal centro econômico de Mianmar, em Mandalay, a segunda maior cidade do país, e em outras localidades. Em algumas áreas, as autoridades, mais uma vez, responderam com força contra os protestos.
Na cidade de Myitkyina, no norte, segundo a Agência France-Presse, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e abriram fogo durante confrontos de rua com manifestantes que atiravam pedras.
"Dois homens foram mortos a tiros no local, enquanto três outros, incluindo uma mulher, foram baleados no braço", disse um médico à AFP.
Um terceiro manifestante foi morto a tiros na cidade de Pyapon, na região do delta do rio Irauádi, disse uma testemunha ocular e um oficial de resgate à AFP.
Em Rangum, as forças de segurança invadiram o escritório do meio de comunicação independente Myanmar Now.
"Posso confirmar que nosso escritório foi invadido na tarde de hoje [8] por um grupo de soldados e policiais", disse o editor-chefe Swe Win à AFP. "Eles pegaram computadores, peças de nosso servidor de dados e uma impressora", acrescentou.
Além disso, bancos, lojas, shopping centers e algumas fábricas de tecidos foram fechadas após um apelo pelos sindicatos por uma greve geral que paralisasse a economia do país.
"Continuar com as atividade econômicas e os negócios [...] beneficiará apenas os militares, enquanto eles reprimem a energia do povo de Mianmar", escreveram 18 associações em um comunicado, segundo a AFP. "A hora de tomar ações em defesa de nossa democracia é agora", acrescentaram os sindicatos.
As associações pretendem intensificar o "Movimento de Desobediência Civil", uma campanha que pede que os funcionários civis do governo boicotem o trabalho enquanto os militares controlarem o país, uma ação que já vem debilitando com força o funcionamento da máquina estatal.
O impacto está sendo sentido em todos os níveis da infraestrutura nacional, com paralisações em hospitais, escritórios ministeriais vazios, e bancos sem capacidade de operação.
A junta militar, por sua vez, anunciou hoje (8) que os funcionários públicos civis serão "demitidos" sumariamente se continuarem com as paralisações.