Em entrevista ao jornal The New York Times, o militar afirmou que a ameaça das tecnologias russas e chinesas no espaço "é muito séria".
"Tanto a China, quanto a Rússia possuem múltiplos sistemas de laser terrestres de vários níveis de potência. Para, a partir do solo, destruir, danificar ou perturbar nossa capacidade de usar nossos satélites. [...] Ambos os países têm capacidades em órbita que são preocupantes. E hoje todas essas ameaças já existem. Não estamos falando do futuro", disse Raymond.
Além disso, o militar comparou um dos satélites da Rússia com uma boneca russa (matrioska), por sua capacidade de incorporar vários satélites menores, e afirmou que este foi projetado para "eliminar ou destruir os satélites norte-americanos na órbita terrestre baixa".
Por isso, concluiu, a proteção dos interesses norte-americanos contra tecnologias antissatélite russas e chinesas é uma missão séria.
Em dezembro passado, a Força Espacial dos EUA anunciou que a Rússia estaria testando um míssil destinado à destruição de satélites. Acusações similares haviam sido feitas em abril de 2020. Nessa ocasião, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, afirmou que, com essas acusações, Washington tentou justificar seus próprios planos de instalar armas no espaço.
Em 1985, utilizando um míssil antissatélite ASM-135 ASAT disparado de um caça F-15, os Estados Unidos destruíram seu próprio satélite científico Solwind a uma altitude de 555 quilômetros. Em 2008, um míssil naval SM-3 destruiu o satélite militar USA-193 a uma altitude de 247 quilômetros.
Nos anos 1980, a União Soviética possuía um sistema de defesa espacial, isto é, um programa de eliminação de satélites. Durante testes, os mísseis do sistema eliminaram com sucesso satélites-alvo soviéticos. Por sua vez, em janeiro de 2007, a China atingiu com um míssil, lançado do centro espacial de Xichang, o satélite meteorológico Fengyun-1C a uma altitude de 865 quilômetros.
Pentágono exagera ameaça para receber financiamento, afirma especialista russo
De acordo com o chefe do Instituto de Política Espacial russo, Ivan Moiseev, estas afirmações sobre ameaças espaciais são regularmente feitas desde "o lançamento do primeiro satélite artificial da Terra".
"As capacidades da China são, obviamente, muito menores do que as dos Estados Unidos. Mas o general não fala disso porque, com tais afirmações, ele está tentando captar dinheiro adicional. O objetivo do exagero do potencial das forças militares dos adversários no espaço é receber fundos do Congresso", afirma o especialista russo.
Ao mesmo tempo, os gastos militares norte-americanos, sendo os maiores do mundo, estão aumentando ativamente cada ano, e "a criação da Força Espacial dos EUA indica claramente que o Pentágono está fortalecendo seus meios espaciais", considerou Moiseev.