Discretamente, o Irã transferiu volumes recordes de petróleo para a China nos últimos meses, enquanto refinarias estatais na Índia adicionaram petróleo iraniano a seus planos anuais de importação, acreditando que as sanções dos EUA à Teerã serão levantadas, afirma a agência Reuters.
"Recentemente, a NIOC [Companhia Nacional de Petróleo Iraniana] nos ligou perguntando sobre a demanda […]. Parece que o Irã está se preparando para voltar ao mercado", disse à mídia um comerciante de uma refinaria do Leste Asiático.
Desde 2018, ainda durante a administração Trump, as sanções provocaram quedas acentuadas nas exportações iranianas para China, Índia, Japão e Coreia do Sul. Com a chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca, a NIOC começou a avaliar a possível demanda por seu petróleo, garantem fontes à mídia.
No início de 2021, relata a Reuters, as compras de petróleo do Irã pela China atingiram um recorde. Embora a China nunca tenha interrompido completamente as importações de petróleo iraniano, importando cerca de 17,8 milhões de toneladas de petróleo nos últimos 14 meses, os volumes movimentados em janeiro e fevereiro estabeleceram um novo recorde.
Das importações chinesas de petróleo, "cerca de 75% foram indiretamente identificados como petróleo de Omã, Emirados Árabes Unidos ou Malásia", enquanto os 25% restantes "foram marcados como compras oficiais para as reservas estratégicas de petróleo da China", detalhou a empresa Refinitiv Oil Research.
Enquanto isso, um funcionário do governo indiano está otimista e acredita que "em três ou quatro meses" os suprimentos iranianos estarão de volta ao mercado internacional. Já um comerciante iraniano afirmou que: "Embora não pareça que as sanções serão suspensas tão cedo, o Irã ressurgiu".
"Quando as sanções injustas dos EUA forem suspensas, o Irã poderá vender seu petróleo a qualquer país, e posso garantir a vocês que muitos contratos serão assinados", garantiu um funcionário do Ministério do Petróleo do Irã à Reuters.
Apelo do Irã
Na semana passada, Hassan Rouhani, presidente do Irã, instou Reino Unido, França e Alemanha a reconhecerem que foram as ações dos EUA, não as do Irã, as responsáveis pelos recentes passos de Teerã na esfera nuclear.
Rouhani frisou que a remoção das sanções impostas por Washington permitiria ao país persa aumentar a verificação realizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em 2018, Donald Trump, então presidente dos EUA, retirou Washington do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), alegando que Teerã o violou, e impôs novas sanções ao Irã, levando a nação persa a retirar gradualmente suas obrigações com o acordo nuclear.