Nesta terça-feira (9), durante discurso no Comitê de Serviços Armados do Senado dos EUA, o principal oficial militar norte-americano na região Ásia-Pacífico, almirante Philip Davidson, alertou que a China pode vir a invadir Taiwan nos próximos seis anos, e que Pequim ambiciona assumir o papel de liderança mundial, atualmente representado pelos EUA, até 2050, segundo o The Guardian.
"Preocupo-me com o fato de que ela [a China] está acelerando suas intenções de suplantar os Estados Unidos e nosso papel de liderança na ordem internacional baseada em regras [...] até 2050. Taiwan é claramente uma de suas ambições antes disso. E eu acho que a ameaça se manifesta durante esta década, de fato, nos próximos seis anos", disse o almirante durante citado pela mídia.
Taiwan se separou da China continental no final de uma guerra civil em 1949. O Partido Comunista Chinês nunca governou a ilha, mas a considera parte de seu território.
As tensões se elevaram ainda mais com o aumento das vendas de armas e visitas diplomáticas a Taiwan durante os últimos estágios da presidência de Donald Trump. O atual governo de Joe Biden já declarou que também pretende seguir com a mesma política.
Segundo Davidson, a expansão dos recursos militares chineses na região pode criar uma situação "desfavorável" para os EUA, reduzindo o nível de dissuasão.
"Estamos acumulando riscos que podem encorajar a China a mudar unilateralmente o status quo antes que nossas forças possam dar uma resposta eficaz. Não consigo entender de jeito nenhum algumas das capacidades que eles estão colocando em campo, a menos que [...] seja uma postura agressiva", ponderou Davidson.
Reação chinesa
Do outro lado globo, Pequim enviou resposta rápida à fala do almirante através de uma declaração do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, que acusou o governo norte-americano de usar a ilha como desculpa para "estimular" uma imagem pública de que a China intimida militarmente Taiwan.
"Alguns norte-americanos continuam a usar a questão de Taiwan para exagerar a ameaça militar da China. Mas, em essência, são os EUA buscando pretexto para aumentarem seus gastos militares, ampliar suas forças e interferir em assuntos regionais", enfatizou o porta-voz.
No meio de toda essa questão, quem vive sob medo e preocupação são os taiwaneses, que rejeitam a ideia de seu país fazer parte da China, mas acompanham o aumento de exercícios e voos chineses para a zona de defesa aérea de Taiwan, que cruzaram a linha mediana pela primeira vez em duas décadas em agosto de 2020.
Para se defender, Taiwan vem realizando exercícios militares envolvendo tanques, blindados e diferentes armas, ensaiando reação a uma suposta ocupação chinesa.
Washington mudou o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China em 1979, mas continua sendo o mais importante aliado não oficial e patrocinador militar da ilha, apesar de ainda se mostrar "em cima do muro" quando é perguntado se os EUA defenderiam Taipé em uma possível invasão chinesa.