Por volta das 14h46 (02h46, do dia anterior em Brasília) de 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 na escala Richter atingiu a costa leste da ilha japonesa de Honshu. Em seguida, um tsunami de 40 metros de altura atingiu a costa nordeste, matando cerca de 16 mil pessoas e ameaçando com um grande desastre nuclear.
Na próxima semana, em 11 de março, marcaremos dez anos desde o terremoto e tsunami no Japão (Tohoku), um evento devastador e o maior terremoto desde o terremoto e tsunami M9.1 no norte de Sumatra em 2004.
Três reatores nucleares na usina de Fukushima Daiichi derreteram, sendo este acontecimento o pior desastre desta natureza desde Chernobyl em 1986. Imediatamente após o incidente, o governo japonês anunciou planos para eliminar a energia nuclear.
Japão está acostumado a terremotos: o que deu errado?
Jonathan Cobb, porta-voz da Associação Nuclear Mundial, explicou à Sputnik que "a indústria nuclear japonesa estava ciente dos riscos. Os reatores no Japão foram projetados para ser resistentes aos terremotos que acontecem na região. Onde a preparação falhou em Fukushima foi o fato de as fábricas terem subestimado a escala do tsunami, sendo o muro protetor não tão alto para proteger a usina. Isso foi uma falha não apenas em Fukushima Daiichi, mas em toda a costa nordeste, onde as defesas contra inundações e os planos de emergência se mostraram ineficazes contra o tsunami".
Cobb contou que o tsunami derrubou três geradores a diesel em Fukushima Daiichi, acrescentando que, "sem energia, os trabalhadores da usina não podiam operar os sistemas de resfriamento e foi isso que causou danos consideráveis aos reatores".
De acordo com a Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão, 770 petabecquerels (PBq) de radioatividade foram liberados, correspondendo a 15% da radioatividade liberada por Chernobyl. Contudo, contrariamente ao terrível acontecimento na Ucrânia, onde centenas de trabalhadores e bombeiros foram expostos a altos níveis de radiação, em Fukushima não houve casos de síndrome aguda de radiação e nenhum funcionário morreu por exposição à radiação.
E a promessa do governo japonês de eliminar energia nuclear?
Primeiramente, Naoto Kan, o primeiro-ministro que fez essa promessa, renunciou em agosto de 2011, e o seu partido, o Partido Democrata do Japão, perdeu as eleições gerais do ano seguinte.
Por outro lado, o Japão não tem petróleo ou gás natural próprios, tendo também encerrado suas restantes minas de carvão.
Em 2016, o então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que o país, "com poucos recursos, não pode prescindir da energia nuclear para garantir a estabilidade do fornecimento de energia enquanto considera o que faz sentido no setor econômico e na questão das mudanças climáticas".
Porém, em setembro de 2019, em sua primeira entrevista coletiva após ser nomeado ministro do Meio Ambiente, Shinjiro Koizumi declarou que o Japão precisava se livrar da energia nuclear, acrescentando que "estaremos condenados se permitirmos que acidentes nucleares ocorram".
Quatro meses depois, no entanto, a COVID-19 chegou ao Japão, e, deste modo, os planos de Koizumi para acelerar o fechamento das usinas nucleares no país foram também colocados como segunda prioridade.