A nova e potente estação de radar estará operacional no Alasca neste ano, escreve colunista da Sputnik Nikolai Protopopov.
Tal como no passado, Washington afirma que este radar é necessário para repelir um possível ataque de mísseis do Irã ou da Coreia do Norte. Porém, especialistas apontam que o sistema de radar está sendo desenvolvido para outros propósitos.
Controle total
A construção da estação de Radar de Discriminação de Longo Alcance (LRDR, na sigla em inglês) foi iniciada em 2018 na base da Força Aérea dos EUA de Clear, no Alasca. Esta instalação militar está em serviço desde meados do século passado e é considerada uma das mais importantes no sistema de defesa antimíssil dos EUA.
Estava previsto que a estação de radar estivesse operacional no ano passado, mas devido à pandemia os trabalhos foram suspensos. Recentemente, foi relatado que o projeto estava perto de ser concluído.
De acordo com os desenvolvedores, LRDR é 25 vezes maior do que a estação de radar multifuncional AN/SPY – o elemento principal do sistema de combate Aegis, que também é instalado em cruzadores e destróieres da Marinha dos EUA.
O novo radar funciona em Banda S e é fabricado com nitreto de gálio, o que melhora significativamente as características técnicas do aparelho.
O LRDR será capaz de detectar não só mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês) e hipersônicos, mas também identificar alvos falsos que acompanham as ogivas dos ICBM.
Outra particularidade é que o radar não precisa ser desligado mesmo durante manutenção técnica. A estrutura é um complexo de blocos sólidos, fáceis de combinar e de acrescentar componentes adicionais para aumentar a potência.
Oficialmente o LRDR protege o território continental dos EUA de um ataque de mísseis do Irã e da Coreia do Norte. No entanto, especialistas consideram que alvo principal do sistema de radar serão os mísseis russos.
"Quando os americanos implantaram o sistema de defesa de mísseis na Europa, eles também alegaram que era para conter o Irã", disse especialista militar russo Konstantin Sivkov.
"Na verdade, o novo radar é dirigido exclusivamente contra a Rússia. A trajetória de voo dos mísseis balísticos da Coreia do Norte passa sobre o oceano Pacífico. Para rastreá-los seria necessário colocar radares na área do Havaí, por exemplo", explica.
Por outro lado, as trajetórias mais curtas dos ICBM russos lançados da Sibéria, da Frota do Norte e até do Pacífico, por submarinos estratégicos, passam diretamente sobre o Alasca, acrescenta Sivkov.
Para os EUA, Alasca é uma região estrategicamente importante, principalmente porque a distância de lá até as bases militares russas é de poucos quilômetros, apenas é preciso cruzar o estreito de Bering.
O Pentágono não só constrói radares no Alasca, mas também aumenta suas forças ofensivas.
Escudo da Rússia
Moscou também dispõe de radares do mesmo nível do LRDR. Nos últimos anos, o Sistema de Alerta de Mísseis (SPRN, na sigla em russo) tem sido significativamente aperfeiçoado, protegendo bem as fronteiras do país.
Em meados de fevereiro deste ano, a Rússia concluiu testes estatais do SPRN, disse Sergei Boev, o principal responsável pela concepção do sistema e diretor-geral da corporação militar Vympel.
Conforme explica Boev, o SPRN russo sempre se desenvolveu com a aplicação das mais avançadas capacidades científicas e tecnológicas, por isso, ele é capaz de detectar e rastrear lançamentos de mísseis hipersônicos e seus voos a velocidades de 5-6 Mach, em outras palavras, entre 6.125 km/h e 7.350 km/h.
Além disso, Moscou planeja instalar novos radares além do horizonte capazes de detectar uma variedade de alvos aéreos a milhares de quilômetros das fronteiras.
O primeiro radar russo além do horizonte Konteiner, que consegue identificar alvos aéreos a uma distância de dois mil quilômetros, entrou em serviço em dezembro do ano passado.