Em entrevista à Sputnik Brasil, a socióloga Maria Hermínia Tavares de Almeida, fundadora e membro da Comissão Arns, disse que o presidente Jair Bolsonaro teve atitudes que prejudicaram as ações de contenção do novo coronavírus no Brasil.
"O que nos levou a apresentar essa denúncia foi uma atitude recorrente de negação por parte do presidente da República com relação ao perigo e a gravidade da pandemia. Durante o tempo inteiro ele desdenhou das recomendações dos cientistas", afirmou.
Maria Hermínia disse que o presidente "estimulou o uso de remédios ineficazes, como a cloroquina, promoveu aglomerações, enfraqueceu o Ministério da Saúde e não deu importância à vacina".
"Ele [Bolsonaro] apresentou o tempo inteiro uma atitude irresponsável e desrespeitosa com relação aos brasileiros que estavam morrendo. Nós acreditamos que a sua atitude, na verdade, é em grande parte responsável pela dimensão da tragédia que o Brasil vive hoje", destacou.
"De fato, são condutas do senhor presidente da República absolutamente ao largo de tudo aquilo que recomenda a ciência, que recomendam os pesquisadores. São atitudes que agridem diretamente o povo brasileiro, agridem da pior forma possível, com adoecimento e com a morte", disse à Sputnik Brasil.
Nesta segunda-feira (15), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que pretende auxiliar para que Bolsonaro seja julgado em tribunais internacionais por conta de sua condução das ações de combate à pandemia. Segundo o tucano, Bolsonaro está "cometendo um genocídio contra os brasileiros".
'Queremos alertar a opinião pública internacional'
Para a representante da Comissão Arns, o objetivo de ter recorrido ao Conselho de Direitos Humanos é para que a ONU preste atenção à conduta de Jair Bolsonaro.
"Naturalmente o Conselho de Direitos Humanos tem os seus próprios procedimentos, seus próprios mecanismos de decisão, e nós quisemos simplesmente alertar o conselho e alertar a opinião pública internacional sobre a gravidade da situação que o país está vivendo", comentou.
Marcelo Chalréo disse que "não há como discordar das denúncias" feitas contra Bolsonaro e espera que "elas caminhem positivamente para as consequências necessárias perante esses organismos".
"Desde o início [da pandemia] nós temos uma Presidência da República sem nenhuma empatia com o povo brasileiro no que diz respeito ao trato dessa questão da pandemia. As omissões são terríveis. A gente verifica pelas lives do presidente ele desestimulando o uso de máscara, recomendando medicamentos absolutamente inadequados e impróprios, fomentando aglomerações", completou.