'Fábricas interestelares' envolvidas na formação da vida descritas pela 1ª vez

O processo de surgimento no espaço de moléculas orgânicas, que desempenham um papel importantíssimo na evolução química do Universo, foi descrito pela primeira vez por uma equipe científica internacional.
Sputnik

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Science Advances.

A cada ano, de acordo com especialistas, na Terra caem até três milhões de toneladas de poeira interestelar, composta não apenas por substâncias minerais, mas também por hidrocarbonetos e seus derivados.

Os cientistas explicam que as reações que levam à formação de compostos orgânicos no espaço são pouco estudadas, em parte devido à sua raridade. Uma característica-chave de tais reações é que estas ocorrem em condições de ausência total de fontes externas de energia, o que as torna extremamente raras e mais exigentes relativamente à composição de seus reagentes.

Um novo estudo realizado por especialistas da Universidade de Samara (Rússia) mostrou pela primeira vez como o mais simples hidrocarboneto aromático policíclico (HAP), o indeno, pode se formar a temperaturas compatíveis com as condições espaciais.

"As pequenas partículas sólidas contendo hidrocarbonetos HAP, comumente chamadas de grãos interestelares, na verdade atuam como fábricas moleculares espaciais para a síntese de compostos orgânicos, tais como aminoácidos ou açúcares", diz a cientista Galiya Galimova, que participou do estudo.

As pequenas moléculas não biológicas, observam os cientistas, reunidas na superfície de grãos interestelares podem reagir entre si, produzindo assim um "conjunto" químico de moléculas biológicas mais complexas. Grãos com tais moléculas, à deriva pelo espaço interestelar, podem ficar em condições favoráveis onde, segundo os cientistas, em sua base a origem da vida é possível.

A reação acontece entre molécula de estireno e o radical de metilidina. "O resultado é um estado intermediário, que cicla e posteriormente leva à formação de indeno aromático e hidrogênio atômico", explicou Galimova.

O estudo foi realizado em estreita cooperação com especialistas da Universidade do Havaí em Manoa (EUA) Universidade Internacional da Flórida e o Benedictine College em Atchinson, EUA.

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