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Há espaço para diálogo entre Biden e Bolsonaro em assuntos técnicos, afirma analista

Início da relação entre o governo de Joe Biden com a equipe do presidente brasileiro Jair Bolsonaro tem sido menos tensa do que era esperado com os dois países buscando agendas com pontos de convergência, segundo especialista ouvida pela Sputnik Brasil.
Sputnik

O embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster, disse em entrevista à DW Brasil que notou uma mudança de "estilo" na relação entre Washington e Brasília.

"A mudança que se nota é de estilo, de ênfase, mas a relação continua sobre um leito mais profundo que une o Brasil e os Estados Unidos. O que mudou? O governo Biden veio com uma agenda muito firme na área de meio ambiente e mudança do clima", declarou Forster.

Para Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), "há uma tentativa de diálogo" entre os dois países.

"A meu ver, é um início que poderia ser mais tenso, tem aí uma sinalização de ambos os lados de iniciar esse processo, mas falta uma clareza de qual é a agenda que vai ser colocada e como vai ser a reação pelo lado brasileiro que tem sido muito resistente e muito refratário à qualquer pressão quando se fala de Amazônia", declarou.

Durante a campanha, Joe Biden prometeu que iria pressionar o Brasil para que o país reduza os índices de desmatamento e proteja o meio ambiente.

Holzhacker comentou que o "problema da relação entre o Brasil e os Estados Unidos nunca foi a dificuldade em ter uma agenda de diálogo técnica".

Há espaço para diálogo entre Biden e Bolsonaro em assuntos técnicos, afirma analista

Para a especialista, os dois presidentes sofrerão pressões políticas ao sinalizarem uma aproximação.

"[A questão é] como, no caso do Biden, essa aproximação com o Brasil vai ser vista pelos seus interlocutores internos, especialmente [pelos democratas] que já se posicionaram contra o governo Bolsonaro", explicou.

Em janeiro deste ano, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, afirmou, durante um painel do Fórum Econômico Mundial, que os Estados Unidos são a "superpotência da liberdade" e falou em trabalhar em parceria com o novo presidente americano, Joe Biden, para preservar a democracia.

"Ainda é o início dessa aproximação e claramente o governo americano tem posições sobre a questão ambiental. Enquanto avança essa negociação a pergunta é: qual vai ser a posição do governo brasileiro quando houver pressões mais diretas sobre o controle do desmatamento na Amazônia, sobre a discussão em termos de preservação?", indagou Holzhacker.

Segundo a professora da ESPM-SP, mesmo que haja divergências políticas, há espaços em comum que podem ser explorados pelos dois países.

"A agenda econômica é importante para os EUA, a agenda ambiental é importante, ter aliados na contenção de uma maior participação da China, do peso chinês na região, é também parte do objetivo dos Estados Unidos. Tem uma série de fatores que fazem com que eles busquem não acirrar ainda mais o relacionamento, mas de buscar essas pontes", disse.
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