Índia inicia atividades de exploração de urânio em região reivindicada pela China

O estado Arunachal Pradesh, localizado no nordeste da Índia, é um dos territórios onde prevalecem as tensões na fronteira entre Nova Deli e Pequim, uma vez que a China a reivindica como parte do sul do Tibete.
Sputnik

A Índia começou a explorar urânio perto da fronteira indo-chinesa, no estado de Arunachal Pradesh. A informação é divulgada poucos dias depois que o Parlamento da China aprovou seu 14º plano de cinco anos, segundo o qual um projeto hidrelétrico será construído no rio Brahmaputra, que nasce no Tibete, e percorre parte do Arunachal Pradesh, levantou preocupações na Índia.

Cientistas da Diretoria de Minerais Atômicos para Exploração e Pesquisa (AMD, na sigla em inglês) da Índia iniciaram a exploração na vila de Mechuka, a apenas três quilômetros da fronteira indo-chinesa. Mechuka era um local estratégico durante a guerra sino-indiana de 1962.

"Iniciamos explorações em todos os estados do nordeste […]. A exploração em Mechuka está na fase inicial e levará muito tempo antes de começarmos a perfurar", afirmou à Sputnik um funcionário de alto escalão da AMD, sob condição de anonimato.

A autoridade sublinhou que a escassez de geocientistas tem criado obstáculos à exploração, mas enfatizou que a organização iniciará a exploração em mais áreas de Arunachal Pradesh.

Índia inicia atividades de exploração de urânio em região reivindicada pela China
"Qualquer questão de fronteira [conflito] não está criando obstáculos para nós. Vamos seguir o nosso plano", destacou o responsável.

O presidente e executivo-chefe do Complexo de Combustível Nuclear, Dinesh Srivastava, atribuiu a acessibilidade do local como uma das razões para a exploração de urânio em Arunachal Pradesh.

O urânio é usado principalmente para a produção de energia nuclear, considerada por muitos uma fonte de energia relativamente limpa. Pelo menos 11 estados indianos na Índia têm reservas de urânio. Os estados de Andhra Pradesh, Jharkhand e Meghalaya têm as maiores reservas de urânio.

Área de conflito

A China considera Arunachal Pradesh, do tamanho da Áustria, uma parte do sul do Tibete, e Pequim já tentou estabelecer sua soberania sobre a região ao anunciar nomes oficiais padronizados para seis lugares em Arunachal Pradesh em 2017.

Apesar das objeções levantadas pela China, a Índia é segue com projetos massivos de construção de infraestrutura na região, incluindo campos de pouso avançados para caças.

Em 1993 e 1996, a China e a Índia firmaram acordos sobre a manutenção da paz nas regiões disputadas. Em 2017, militares indianos e chineses mantiveram um tenso encontro em outra área tibetana, uma zona de importância estratégica para Nova Deli e disputada pela China e por Butão.

Em abril de 2020, um novo impasse. Dessa vez, perto de Pangong Tso, que fica entre a Índia e o Tibete, e se transformou em um conflito violento em 15-16 de julho, quando 20 soldados indianos e quatro soldados chineses foram mortos. Índia e China retiraram maquinário pesado e algumas estruturas permanentes erguidas ao longo da Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês) apenas no início deste ano.

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