"Vários acontecimentos que têm ocorrido nos últimos anos no Reino Unido não parecem estar relacionados entre si, mas todos eles indicam que o Reino Unido está tentando jogar seu jogo geopolítico global [...] onde já se estabeleceram dois jogadores-chave que entraram em um confronto mundial entre si – EUA e China", disse especialista nesta quinta-feira (18) em uma entrevista à Sputnik.
Na opinião dele, no contexto da guerra fria que se iniciou de fato entre Pequim e Washington, outros países "têm vontade de jogar seu jogo, de formar seus blocos – uma terceira força".
"Brexit já não parece apenas a vontade de ser o primeiro a abandonar um navio que está afundando, mas também o desejo de começar um novo jogo", nota Ionin.
As notícias mais recentes sobre o aumento do orçamento militar, a designação da Rússia como o inimigo principal e a compra da empresa OneWeb fazem parte dessa nova estratégia.
"Sabemos que a Comunidade Britânica de Nações ainda existe, ela reproduz os contornos do Império Britânico […] Para tais entidades globais, os sistemas espaciais são um fator-chave que assegura a conexão entre regiões. Torna-se evidente por que é que o Reino Unido está criando um comando espacial, um centro espacial em seu território e por que eles compraram há um ano o sistema [de satélites] OneWeb", ressaltou.
Segundo Ionin, o Reino Unido formará seu bloco a partir de suas antigas colônias que estão unidas pela língua inglesa e uma cultura próxima. A principal tarefa na formação do bloco será atrair a Índia, que durante muitas décadas tem tido divergências com a China e ocupa uma posição de concorrente de Pequim na Ásia, opina especialista russo.
"Basicamente, é uma tentativa de fazer renascer o Império Britânico, mas sob uma nova bandeira", concluiu.
Na terça-feira (16), o Reino Unido divulgou um novo plano de política externa e defesa pós-Brexit, em que o governo britânico declara que vai aumentar seu arsenal nuclear de 180 ogivas estocadas para 260, um aumento de cerca de 45%, dando fim ao desarmamento progressivo implementado há 30 anos.
No relatório, Londres também apontou a Rússia como "a ameaça direta mais aguda contra o Reino Unido" e demonstrou a intenção de concentrar esforços geopolíticos na região do Indo-Pacífico. A China foi descrita como um "competidor sistêmico".