Uma equipe internacional de cientistas encontrou vestígios deixados por um palito ao analisar dois dentes escavados nas camadas do Pleistoceno da Caverna de Stajnia, na Cracóvia. Este é o segundo exemplo conhecido de tais procedimentos higiênicos sendo praticados por neandertais na mesma caverna.
Os cientistas acreditam que os dentes, um dente siso (terceiro molar inferior) e um pré-molar superior, pertenciam a um indivíduo de mais de 30 anos e o outro a um homem ligeiramente mais jovem, na casa dos 20. Os resultados foram apresentados no Journal of Human Evolution.
"Não sabemos do que ele fez um palito, [pode ter sido] um pedaço de um galho, um pedaço de osso ou espinha de peixe. Tinha que ser um objeto cilíndrico bastante rígido, que o indivíduo usava com frequência suficiente para deixar um traço claro", disse a dra. Wioletta Nowaczewska do Departamento de Biologia Humana da Universidade de Wroclaw, que liderou o estudo.
No entanto, eles não encontraram alterações patológicas indicativas de distúrbios de crescimento do esmalte, hipoplasia ou cárie. Eles observaram que o dente do siso mostra sinais de desgaste severo, que podem estar relacionados à ingestão de alimentos duros.
Para determinar se o dente pertencia ao nosso ancestral imediato (Homo sapiens) ou a um parente fóssil (Homo neanderthalensis), os cientistas avaliaram a estrutura da coroa do dente, a espessura do esmalte, o contorno da superfície da dentina e o microtrauma da superfície da coroa.
"O bom estado do pré-molar nos permitiu fazer análises 2D e 3D da espessura do esmalte, reconstrução digital, deslocamento virtual da capa do esmalte e avaliação da espessura do mesmo, que no neandertal é mais fino do que no Homo sapiens. Todas essas características juntas apontam para os neandertais", detalha a líder.
Os modelos de dentes virtuais foram preparados pelo dr. Marcin Binkowski da Universidade da Silésia, com o apoio técnico de Michał Walczak e Martyna Czaja, bem como do professor Stefano Benazzi e Antonino Vazzana, da Universidade de Bolonha (Itália).
O estudo foi realizado por cientistas da Universidade de Wroclaw e da Universidade da Silésia, do Instituto de Sistemática e Evolução dos Animais da Academia Polonesa de Ciências, do Instituto Geológico Polonês, da Universidade de Bolonha, do Museu de História Natural de Londres e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, da Alemanha.
Os dentes foram inicialmente descobertos em 2010, junto a vários vestígios de fauna durante os trabalhos de escavação. Mas só recentemente foram analisados usando DNA mitocondrial para confirmar que os dentes pertenciam a neandertais.
Restos de osso de neandertais são achados raros na Europa Central e Oriental. As descobertas oficialmente confirmadas são poucas e de tamanho considerado pequeno: quatro dentes. Três deles também foram descobertos na caverna Stajnia, um na caverna Ciemna, ambas também na Polônia.