Afronta à dignidade: solo para base aérea dos EUA no Japão tem restos mortais da Guerra do Pacífico

Milhares de metros cúbicos de solo que devem ser usados na construção de uma base aérea dos EUA na ilha japonesa de Okinawa contêm restos mortais de japoneses e americanos que morreram em uma das batalhas mais sangrentas da Guerra do Pacífico.
Sputnik

Voluntários que participam nas escavações de busca de ossos de pessoas mortas durante a Batalha de Okinawa de 1945 exigiram que o Ministério da Defesa do Japão parasse de limpar o terreno por ser uma afronta à dignidade dos que faleceram durante a guerra, escreve The Guardian.

A Batalha de Okinawa é referida como o maior ataque anfíbio durante a campanha do Pacífico da Segunda Guerra Mundial que durou quase três meses e deixou aproximadamente 200 mil japoneses e americanos mortos, incluindo mais de um quarto da população civil de Okinawa.

Segundo o governo da prefeitura de Okinawa, restos mortais de cerca de 2.800 vítimas permanecem enterrados.

Takamatsu Gushiken, líder dos chamados escavadores de cavernas, disse que o solo de dois locais na extremidade sul da ilha pode conter fragmentos de ossos de habitantes de Okinawa, de soldados japoneses e americanos, bem como de coreanos que foram recrutados para combater pelo Império japonês.

"Os planos do governo japonês vão destruir a dignidade das vítimas de guerra […] mal posso acreditar nisso, [fragmentos de] civis e soldados serão usados para construir a base militar", lamenta Gushiken.

O solo, que foi limpo de árvores e isolado, será utilizado em um projeto de construção de uma pista costeira para uma base de fuzileiros navais dos EUA em Henoko.

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Antes de serem proibidos de entrar na área, escavadores voluntários encontraram ossos e dentes que seriam de civis.

A base de Henoko, que deve substituir uma instalação existente dos fuzileiros navais, está situada em uma área densamente povoada. A maioria dos habitantes de Okinawa se opõe à construção por acreditar que vai destruir o ambiente marinho e por não resolver nenhuma das exigências civis de redução do contingente militar dos EUA.

Apesar de constituir apenas 0,6% do território japonês, Okinawa hospeda a maioria das forças dos EUA e das instalações militares do país. De acordo com dados oficiais, a cidade acolhe aproximadamente 25.800 militares dos EUA, bem como 19.000 familiares e civis, que residem na região.

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