Blinken: EUA querem 'revitalizar' OTAN para garantir a sua força contra 'ameaças de hoje'

No topo da agenda da reunião entre chanceleres da OTAN está o futuro da missão de 9.600 homens da aliança no Afeganistão, que devem deixar o local até 1º de maio.
Sputnik

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prometeu nesta terça-feira (23) reconstruir e revitalizar a aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e compartilhar os planos norte-americanos sobre qualquer possível retirada do Afeganistão.

"Esperamos discussões produtivas neste momento verdadeiramente crucial para a aliança. Vim aqui para expressar o compromisso inabalável dos EUA [com a aliança], que por mais de 70 anos tem sido uma pedra angular para garantir paz, prosperidade e estabilidade na região transatlântica", afirmou Blinken, citado pela agência Reuters, em sua primeira visita à sede da OTAN, em Bruxelas, Bélgica, antes do início da reunião dos ministros das Relações Exteriores da aliança.

Os chanceleres devem discutir questões como a pandemia de COVID-19, tropas no Afeganistão, mudanças climáticas, terrorismo e alegados desafios colocados por países como China, Irã e Rússia.

"Os EUA querem reconstruir relações com parceiros, em primeiro lugar com nossos aliados da OTAN, queremos revitalizar a aliança para garantir que seja tão forte e eficaz contra as ameaças de hoje como antigamente", enfatizou Blinken.

Impasse no Afeganistão

No topo da agenda da OTAN está o futuro da missão de 9.600 homens da aliança no Afeganistão, depois que o ex-presidente dos EUA, o republicano Donald Trump, fechou um acordo com o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) para retirar as tropas da aliança até 1º de maio.

O Secretário de Estado dos EUA sublinhou que a retirada das tropas dos EUA será realizada apenas com o consentimento dos aliados da OTAN.

Blinken: EUA querem 'revitalizar' OTAN para garantir a sua força contra 'ameaças de hoje'
"Não há escolhas fáceis e, por enquanto, todas as opções permanecem em aberto […]. A situação de segurança está difícil e vamos tomar todas as medidas necessárias para manter nossas tropas seguras", afirmou o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.

Na semana passada, o presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, afirmou que seria "difícil" cumprir o prazo acordado com o Talibã. Biden estaria ponderando a possibilidade de estender a permanência das forças norte-americanas até novembro de 2021, seis meses adicionais ao acordo fechado por Trump.

O Talibã, por sua vez, manifestou-se na sexta-feira (19) contra a Casa Branca manter suas tropas além da data acordada. Atualmente, cerca de 3.500 soldados norte-americanos estão posicionados no Afeganistão.

Nord Stream 2

Antony Blinken também abordou o tema do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), que está sendo construído da Rússia para a Alemanha. Para o secretário de Estado dos EUA, o empreendimento vai contra os interesses da União Europeia e pode minar a Ucrânia e a Polônia.

"O presidente Biden foi muito claro, ele acredita que o gasoduto é uma má ideia, ruim para a Europa, ruim para os EUA, [e] em última análise está em contradição com os próprios objetivos de segurança da União Europeia [...]. Isso tem o potencial de minar os interesses da Ucrânia, da Polônia e de uma série de parceiros e aliados próximos", afirmou Blinken, acrescentando que uma lei dos EUA exigia que Washington impusesse sanções às empresas participantes do projeto Nord Stream 2.

A Alemanha está pressionando pela conclusão do empreendimento, apesar da oposição constante dos EUA ao longo de mais de uma década. O gasoduto já está cerca de 95% construído e pode ser concluído até setembro, dizem analistas que monitoram os dados de rastreamento.

Os EUA temem que a Rússia possa usar o Nord Stream 2 como alavanca para enfraquecer os Estados da União Europeia, aumentando a dependência de Moscou. A Rússia tem alertado repetidamente contra a politização do que considera um projeto puramente econômico.

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