Nesta terça-feira (23), de acordo com artigo publicado no portal Axios, os EUA foram convocados a liderar uma coalizão multilateral com nações sul-americanas para reagir contra práticas ilegais de pesca e comércio da China, recomendou uma agência de inteligência norte-americana em documento obtido pela mídia.
Segundo o documento, enormes frotas de embarcações chinesas pescam ilegalmente em águas territoriais dos países da América do Sul, incluindo o largo das ilhas Galápagos. A atividade teria esgotado estoques e interrompido cadeias alimentares em uma prática referida como pesca ilegal, não declarada ou não regulamentada (IUU, na sigla em inglês).
As nações sul-americanas dizem que essas frotas são um desafio para sua segurança econômica e ambiental, e no ano passado, Chile, Colômbia, Equador e Peru afirmaram que uniriam forças para defender suas águas territoriais das incursões de navios chineses, segundo a mídia.
"Os países sul-americanos provavelmente receberiam um esforço de coalizão para aumentar a pressão comercial sobre a China e fazer cumprir os padrões de pesca", diz o documento analisado pela Axios.
O relatório, rotulado como confidencial, mas não classificado, foi escrito por um escritório vinculado ao Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, em conjunto a Guarda Costeira e o Departamento de Estado dos EUA.
De acordo com Tabitha Mallory, presidente executiva da empresa de consultoria do Instituto Oceânico Chinês (COI, na sigla em inglês), a liderança chinesa veria as águas internacionais "como uma forma de projetar presença em todo o mundo" para influenciar as estruturas regulatórias globais. No caso, Pequim pretende estar "presente em todos os oceanos" para influenciar os resultados de acordos internacionais, diz a presidente.
Como resultado, o relatório aponta que a pressão norte-americana poderia resultar em sanções por parte da China.
"A pressão unilateral dos Estados Unidos provavelmente resultaria na China aplicando sanções semelhantes, assim como Pequim fez ao promulgar uma nova lei para conter as restrições dos EUA às empresas de tecnologia", de acordo com o documento.
Mallory acrescenta que "outros países também precisam pesar sobre essas questões", pois "qualquer coisa que os EUA façam sozinhos será vista pelos chineses simplesmente como parte do cenário de crescente competição pelo poder".
Os comentários foram feitos após vários dias de tensas conversas bilaterais entre Washington e Pequim na reunião do Alasca, na qual as duas nações trocaram farpas e acusações em um ambiente não muito amistoso.