A missão Mars Express da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), que passou mais de 17 anos orbitando e monitorando as propriedades atmosféricas de Marte, ajudou a revelar que a fuga de água para o espaço se acelera devido às tempestades de poeira e à proximidade de Marte ao Sol, especialmente durante suas estações mais quentes.
Dois estudos recentes, um conduzido por Anna Fedorova, do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia de Ciências da Rússia, e o outro dirigido por Jean-Yves Chaufray, cientista do Laboratório de Observações Espaciais de Atmosferas da França, utilizaram dados da ESA para analisar como a água se movimenta através da atmosfera marciana, e como escapa dela.
A cientista russa relatou que os pesquisadores estudaram "o vapor d'água na atmosfera do solo até 100 quilômetros de altitude, uma região que ainda não havia sido explorada por oito anos marcianos [aproximadamente 20 anos terrestres]", e descobriram que quando Marte se encontra mais longe do Sol, o vapor d'água na atmosfera não ultrapassa os 60 quilômetros de altitude. Porém, quando o Planeta Vermelho se aproxima mais da estrela, esse mesmo vapor pode subir até 90 quilômetros da superfície. Deste modo, é possível concluir que, durante as estações mais quentes, o planeta perde mais água.
Neste mesmo aspecto, as tempestades de poeira também ajudariam, uma vez que as mesmas levam a água a uma maior altitude, aquecendo e alterando deste modo a atmosfera marciana.
Contudo, tais explicações parecem não ser suficientes para explicar a quantidade de água perdida pelo Planeta Vermelho nos últimos quatro milhões de anos. Assim, Chaufray acredita que "no planeta deveria ter existido uma quantidade significativa [de água] para explicar as características criadas pela água que vemos agora". No seu estudo, os "resultados sugerem que essa água se deslocou para camadas inferiores do solo, ou que os níveis de fuga de água eram muito mais altos no passado".
Ambas as pesquisas acabam complementando os achados recentes da missão ExoMars, que sugerem que a taxa de água perdida em Marte pode estar relacionada às mudanças das estações no Planeta Vermelho.