Segundo informações fornecidas pela Unicamp ao Correio Braziliense, um homem de, aproximadamente, 50 anos, morador de Indaiatuba, no interior de São Paulo, contraiu a doença no fígado após usar, sob prescrição médica, medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, indicados apenas para outros tipos de enfermidades.
O paciente em questão seria um atleta e sem histórico de outras doenças. Ele começou a apresentar pele e olhos amarelados cerca de um mês depois de começar a fazer uso desses remédios, frequentemente presentes no chamado "tratamento precoce" contra a COVID-19, tratamento sem comprovação científica e apontado por especialistas como potencialmente perigoso. Ele foi diagnosticado com hepatite há três meses.
Além de as pesquisas apontarem que o tal kit não tem efeito de prevenção ou tratamento contra a doença provocada pelo novo coronavírus, diretores de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de referência disseram recentemente à BBC ter percebido que o uso indevido desses remédios têm aumentado o risco de morte no país.
Nesta quarta-feira (24), ao anunciar a criação de um comitê de combate à COVID-19, mais de um ano após o início do surto no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, um dos maiores incentivadores do "tratamento precoce", voltou a tratar do assunto em Brasília, dizendo que "isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico tratar os infectados".
O Brasil soma, pelo menos, 298.676 óbitos provocados pela COVID-19 e 12.130.019 casos, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Atualmente, o país é o líder mundial em número de mortes diárias relacionadas à doença.