"Vamos propor formalmente que se discuta na mesa o tema da flexibilização. O Uruguai necessita que o Mercosul tome uma decisão a respeito", disse Lacalle Pou durante sua participação na cúpula virtual, que também contou com a presença dos presidentes dos outros países fundadores do bloco regional (Argentina, Brasil e Paraguai), além dos mandatários de países associados como Bolívia, que está em processo de adesão, e Chile.
A flexibilização do Mercosul é defendida pelos governos de Brasil, Paraguai e Uruguai, que desejam que os Estados-membros do bloco possam negociar acordos de livre comércio com países de fora da organização de forma individual, uma iniciativa à qual a Argentina se opõe.
"Temos que avançar com a negociação com outros blocos, não estamos satisfeitos. Acreditamos que é bom iniciar diálogos, que é bom sentar à mesa, mas o somatório de situações em que esses acordos não se catalisam geram frustrações", disse Lacalle Pou.
Mais cedo, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, também defendeu mudanças no Mercosul, como a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) e a redução das barreiras comerciais internas. Além disso, Bolsonaro criticou a necessidade de um consenso nas decisões do bloco, que ele classificou como uma forma de "veto ou freio permanente".
Já o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, opinou que "o desenho atual [do Mercosul] requer que as negociações externas se realizem de forma conjunta e coordenada, mas isso não pode ser uma barreira para impedir o desenvolvimento de nossas economias''.
Por sua vez, o presidente Argentino, Alberto Fernández, rechaçou as mudanças propostas pelos outros países-membros, pois acredita que a indústria de seu país será severamente prejudicada por uma enxurrada de importações contra as quais não poderá competir.
"Vamos acabar com essas ideias que ajudam muito pouco à unidade [...] Não queremos ser um lastro para ninguém. Se somos um lastro, que peguem outro barco. Para mim, é uma honra fazer parte do Mercosul", disse Fernández em seu discurso final.