"O criminoso Juan Guaidó fez o possível para impedir a vacinação do povo da Venezuela e, agora, de forma hipócrita, quer enganar o nosso povo sobre o programa COVAX, sobre a vacinação", disse a vice-presidente Delcy Rodríguez em pronunciamento no Palácio de Miraflores, a sede do governo em Caracas.
"O povo da Venezuela foi enganado por Juan Guaidó sobre a iniciativa COVAX, já que foi ele quem fez tudo o que foi possível para impedir a vacinação da população", manifestou a vice-presidente Delcy Rodríguez.
A reação de Rodríguez acontece depois que o ex-deputado, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela em 2019, assegurou que foi a sua gestão que permitiu a obtenção de recursos para a vacinação contra a COVID-19 e a adesão ao Fundo de Acesso Global para Vacinas contra a COVID-19 (COVAX Facility).
"Trabalhamos em uma solução para os venezuelanos, foi assim que aprovamos o mecanismo que permitirá, nos próximos meses, que os mais vulneráveis tenham acesso à vacina contra a COVID-19", afirmou Guaidó.
A Venezuela necessita urgentemente da vacina e a iniciativa COVAX é a melhor aproximação para uma distribuição imparcial e equilibrada de vacinas, sem nenhum tipo de discriminação. Cada dia perdido representa vidas.
Ao rebater o ex-deputado, a vice-presidente assegurou que Guaidó e seus representantes legais no Reino Unido se opuseram a todas as propostas realizadas pelo governo venezuelano na Justiça britânica para a liberação das reservas em ouro do Estado, que estão depositadas no país europeu, diretamente para a iniciativa COVAX.
"O povo da Venezuela tem que saber a verdade, quem está à frente desta batalha é seu chefe de Estado Nicolás Maduro, enquanto os extremistas que se prestaram aos planos de despojo de Venezuela, se opuseram ao processo de vacinação", afirmou a vice-presidente venezuelana.
A vice-presidente executiva da República, Delcy Rodríguez, apresentou provas em que mostra a atuação de Juan Guaidó para impedir que a Venezuela conte com os recursos para avançar no processo de vacinação da população contra a COVID-19.
Além disso, Rodríguez destacou o papel da Assembleia Nacional (parlamento) nas gestões para a compra de vacinas através da COVAX Facility.
A oposição e o governo da Venezuela mantiveram conversações, desde meados de 2020, com a gestão da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para que os recursos do país que estão bloqueados no exterior pudessem ser utilizados para a compra de vacinas e insumos para enfrentar a pandemia.
Contudo, o processo sofreu atrasos que dificultaram a aquisição dos imunizantes pelo país sul-americano.
Nesta semana, a OPAS informou que a Venezuela está em processo de pagar os US$ 18 milhões (cerca de R$ 100 milhões) que a COVAX exige para garantir uma cota na segunda rodada de entrega de vacinas, mas que Caracas ainda precisa comprovar que poderá pagar mais US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 570 milhões) para ter acesso a mais de dois milhões de doses.
A Venezuela avalia iniciativas com a OMS [Organização Mundial da Saúde] e a OPAS [Organização Pan-Americana da Saúde] para a aquisição de vacinas contra a COVID-19.
Além da disputa com Guaidó envolvendo a COVAX, uma nova polêmica veio à tona nos últimos dia, depois que Rodríguez e o presidente Nicolás Maduro garantiram que o país não adquiriria a vacina do laboratório britânico AstraZeneca, que é justamente a que está sendo distribuída pelo consórcio, alegando que a autoridade sanitária venezuelana não aprovou o seu uso devido à possibilidade de efeitos adversos.
A OPAS, por sua vez, afirmou que está previsto que, na segunda rodada de entregas da COVAX, a Venezuela receba precisamente doses desse imunizante, mas fabricadas na Coreia do Sul. Segundo a organização, esse imunizante não é o mesmo que registrou reações adversas, que, mesmo assim, depois foram desmentidas pela comunidade científica.
A Venezuela está utilizando atualmente as vacinas Sputnik V, da Rússia, e Sinopharm, da China, em seu programa de imunização. Contudo, o país sul-americano recebeu menos de um milhão de doses até o momento.