"A missão da ONU em Mianmar está chocada com a perda sem sentido de vidas hoje [27], com dezenas de pessoas mortas a tiros pelos militares em todo o país no dia mais sangrento desde o golpe", diz uma nota publicada no site da missão.
De acordo com a organização, a violência é totalmente inaceitável e deve ser interrompida imediatamente, e os responsáveis devem ser levados à justiça.
As forças da junta militar assassinaram e torturaram civis na cidade de Kalay, na região de Sagaing, no interior de Mianmar, hoje, 27 de março. Dezenas de pessoas foram mortas neste dia em todo o país.
Por sua vez, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) disse no Twitter que está recebendo relatos de dezenas de mortes, incluindo crianças, além de centenas de feridos e prisões em massa.
"Esta violência exacerba a ilegalidade do golpe e a culpa de seus líderes", observa o ACNUDH.
Violência chocante contra a população de Mianmar por parte dos militares no Dia das Forças Armadas. Estamos recebendo relatos de dezenas de mortos, inclusive crianças, centenas de feridos em mais de 40 localidades e prisões em massa. Esta violência exacerba a ilegalidade do golpe e a culpa de seus líderes.
Segundo o portal de notícias Myanmar Now, mais de 100 pessoas foram mortas neste sábado (27) em todo o país pelas forças de segurança.
Na medida em que os relatos horríveis da brutalidade do regime golpista estão chegando, nós também estamos recebendo imagens de protestos em larga escala que acontecem hoje [27]. Em Pale, Sagaing, estima-se que mais de 100 mil pessoas, incluindo monges e freiras, participaram das manifestações.
Neste sábado (27), Mianmar comemora o Dia das Forças Armadas. A celebração remonta ao dia 27 de março de 1945, quando a divisão militar sob o comando da ocupação japonesa rebelou-se contra os invasores e lutou contra eles até que fossem completamente expulsos do país pelos aliados.
Golpe de Estado em Mianmar
Em 1º de fevereiro deste ano, os militares de Mianmar derrubaram o governo civil e assumiram o poder no país, prendendo líderes civis, incluindo o presidente Vin Myint e a conselheira de Estado Aung San Suu Kyi.
Os militares alegam que o seu movimento foi uma resposta à suposta fraude generalizada nos resultados das eleições gerais de 2020 e à falta de vontade das autoridades civis para investigar essas denúncias. Logo em seguida, os militares decretaram o estado de emergência no país e prometeram realizar novas eleições dentro de um ano.
Desde então, os protestos contra as autoridades militares acontecem todos os dias em muitas cidades de Mianmar. Mais de 70% dos funcionários públicos, incluindo trabalhadores de saúde, aderiram à campanha de desobediência civil contra as autoridades, deixando seus empregos.