Na manhã desta quarta-feira (31), moradores da capital Niamey relataram, segundo a agência de notícias France-Presse, que ouviram disparos no meio da noite no distrito onde está localizada a sede da Presidência.
No decorrer do dia, o governo se posicionou, através do porta-voz Abdourahmane Zakaria, informando que "uma tentativa de golpe" foi frustrada.
"O governo condena este ato covarde e retrógrado, cujo objetivo é colocar em risco a democracia e o Estado de Direito, com os quais nosso país está firmemente comprometido", disse o porta-voz em uma coletiva de imprensa, citado pela agência de notícias Reuters.
Além disso, o porta-voz acrescentou que uma investigação foi iniciada e "várias pessoas foram detidas, enquanto outras estão sendo ativamente procuradas", sem fornecer mais detalhes.
Segundo a agência AFP, que teve acesso a uma fonte dos serviços de segurança do Níger, o suposto líder do golpe é um oficial da força aérea encarregado da segurança da base aérea militar de Niamey e que ainda está sendo "ativamente procurado".
O governo nigerino, por sua vez, informou que "a situação está totalmente controlada" e pediu que a população volte "a levar uma vida normal".
Outra fonte de segurança, no entanto, que falou com a AFP sob condição de anonimato, disse que "houve algumas prisões entre alguns membros do Exército", que estariam por trás da tentativa de golpe. Segundo essa fonte, "a Guarda Presidencial retaliou" a ação dos supostos golpistas, "impedindo que o grupo de soldados se aproximasse do palácio presidencial".
Mais cedo, um morador do bairro onde está situada a sede da Presidência disse à AFP que ouviu diversos tiros de armas automáticas durante a madrugada no local.
"Era por volta das 03h00 da manhã [23h00 no horário de Brasília] quando ouvimos disparos de armas ligeiras e pesadas, durou 15 minutos, seguidos de disparos de armas ligeiras [e] depois tudo cessou", afirmou a testemunha.
Troca de tiros em Niamey.
A suposta tentativa de golpe chega a poucos dias da posse de Bazoum, que acontece na sexta-feira (1º), e será a primeira transição de poder democrática da história do Níger desde a independência da França em 1960.
Segundo o governo do Níger, diversos chefes de Estado são esperados para a cerimônia de posse de Bazoum, que foi ministro do interior do atual presidente Mahamadou Issoufou, e o substituirá após dois mandatos de cinco anos.