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Banqueiro cobra 'mea-culpa' de elite empresarial: 'Ânsia de evitar PT' provocou 'desastre'

O banqueiro Ricardo Lacerda, sócio-fundador do BR Partners Banco de Investimento, disse que a elite empresarial deveria fazer um mea-culpa sobre apoio que deu para eleição de Jair Bolsonaro. 
Sputnik

Recentemente, um grupo de banqueiros, empresários e economistas escreveu carta aberta, que já reuniu mais de 1.500 assinaturas, contra o governo Bolsonaro e a favor da democracia. 

"Acho que foi um movimento genuíno, de pessoas perplexas com tanta incompetência, descaso e patifaria. É óbvio que a elite empresarial brasileira precisa fazer uma reflexão, um mea-culpa sobre o apoio que deu a alguém que, analisando de maneira simples e direta, não tem a menor qualificação para o cargo que ocupa. Isso, para mim, sempre foi claro e agora está absolutamente comprovado", disse Lacerda em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. 

O banqueiro, um dos principais nomes do mercado financeiro do país, afirmou ainda que a "ânsia de evitar" um novo governo petista acabou prejudicando o país.

"Havia bons candidatos no primeiro turno em 2018. Mas, na ânsia de evitar o PT, muita gente séria acabou votando em Bolsonaro ainda no primeiro turno. Está aí a origem do desastre que vivemos hoje", argumentou. 

Lula: críticas e elogios

Sobre as eleições de 2022, Lacerda disse que considera o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "uma opção ruim", mas, ao mesmo tempo, elogiou seu primeiro mandato. Lacerda afirmou ainda que, "se voltar o Lula de 2002", "podemos ter um cenário benigno". 

"Acho Lula uma opção ruim. É um nome mais ligado ao passado do que ao futuro. Precisamos de uma liderança nova. Mas ele já foi presidente e fez um ótimo primeiro mandato. Se voltar o Lula de 2002, cercado de pessoas competentes, mantendo as alas ideológicas e fisiológicas do PT mais afastadas, abraçando uma agenda de equilíbrio fiscal, podemos ter um cenário benigno", avaliou.

O banqueiro disse também que um segundo turno entre Lula e Bolsonaro "seria péssimo para o país", mas, "se sobrarem essas duas opções, teremos que avaliar como terão chegado até lá, quais suas sinalizações, seus compromissos em direção ao centro". 

Mercado 'comprou discurso liberal'

Lacerda criticou Bolsonaro e disse que, em 2018, o mercado "comprou o discurso liberal" do então candidato. 

"O mercado sempre faz uma análise superficial, avalia as opções mais imediatas e cria sua narrativa. Comprou o discurso liberal do Bolsonaro, ainda que seu comportamento em três décadas de Congresso tenha sido exatamente o oposto. E, ao longo do seu mandato, Bolsonaro vem explodindo pontes, falando absurdos, promovendo insultos e cometendo erros grosseiros. Tudo isso reverbera mundo afora. Nunca tivemos nossa imagem internacional tão abalada", ponderou. 
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