Em meio a tensões com Austrália, China mira na África ao procurar fornecedores de minério de ferro

Após posicionamentos do governo australiano interpretados pela China como hostis, Pequim procura outras fontes para importação da preciosa matéria-prima e mira em países africanos.
Sputnik

Empresas chinesas estão diversificando sua exploração de minério de ferro na África de forma acelerada em meio à alta dos preços e às tensas relações com a Austrália, segundo o Global Times.

Em 30 de março, um consórcio de três empresas chinesas composto pela Corporação Metalúrgica da China, a Corporação de Água e Eletricidade Internacional da China e a Corporação de Armazenamento de Energia Solar Hunan Heyday, assinaram um contrato com a Corporação Nacional de Ferro e Aço da Argélia para explorar minério no país africano.

Além da Argélia, é relatado que a República do Congo assinou dois acordos de mineração com uma empresa chinesa chamada Sangha Mining, em um investimento de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões) para explorar minério de ferro com licenças que o governo do Congo retirou de mineradoras australianas no ano passado.

Estes seriam apenas alguns exemplos de empresas chinesas expandindo sua exploração de minério de ferro na África.

A maior parte de minério que a China precisa vem da Austrália, respondendo a um total de 60% das importações. No entanto, as importações vêm caindo, com uma baixa de 1,3 pontos percentuais no ano passado, refletindo o aumento das compras de minério por Pequim em outros países, segundo a mídia.

A Austrália teria lançado uma série de ataques contra o país asiático, como a iniciativa de impor uma proibição geral à Huawei, restringindo o desenvolvimento tecnológico chinês, enquanto apoiou os Estados Unidos quando o país pediu uma "investigação independente" da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China para encontrar a origem da COVID-19, por não acreditar que o país estivesse sendo investigado o suficiente.

Em meio a tensões com Austrália, China mira na África ao procurar fornecedores de minério de ferro

Essas medidas foram interpretadas pelo governo chinês como ações anti-China e desequilibraram as relações entre os dois países. "A relação econômica e comercial China-Austrália piorou ao seu nível mais baixo da história", disse Chen Hong, professor e diretor do Centro de Estudos Australiano da Universidade Normal East China (ECNU) ao Global Times.

"A iniciativa da Austrália de se coordenar com os EUA para conter a China e politizar constantemente os problemas econômicos e comerciais com Pequim - incluindo a discriminação contra investimentos chineses - diminuiu seriamente a avaliação favorável das empresas chinesas sobre a Austrália" afirmou Hong.

Porém, segundo o professor, mesmo que não houvesse atrito entre as duas nações, as empresas chinesas ainda fariam a escolha razoável de diversificar seu fornecimento de minério para garantir segurança a longo prazo nas importações.

Em 2020, a China importou 1,17 bilhão de toneladas de minério de ferro, um aumento de 9,5% em relação ao ano anterior, mostraram dados da Administração Geral das Alfândegas da China.

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