Dados de satélite mostram que o navio de assalto anfíbio USS Makin Island viajou através do estreito de Malaca, principal ponto de passagem de embarcações na Ásia, para o mar do Sul da China de quarta-feira (7) para quinta-feira (8), afirma o jornal South China Morning Post, citando Iniciativa de Sondagem Estratégica do Mar do Sul da China (SCSPI, na sigla em inglês), um think tank associado à Universidade de Pequim.
O navio de assalto anfíbio USS Makin Island teria realizado a travessia acompanhado do navio de transporte anfíbio USS San Diego, acrescentou o think tank.
Marinheiros participam de um exercício de treinamento de fogo real a bordo do navio de assalto USS Makin Island (LHD 8). Letalidade. Indo-Pacífico livre e aberto
Escalada de tensões
A travessia dos navios de assalto anfíbios dos EUA ocorre em um momento em que Pequim e Washington navegam porta-aviões em diferentes frentes em águas vizinhas à China.
Na segunda-feira (5), a China anunciou atividade de um grupo de porta-aviões perto de Taiwan, e, na quarta-feira (7), o destróier USS John S.McCain dos EUA navegou pelo estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental.
Na terça-feira (6) e na quarta-feira (7), o porta-aviões USS Theodore Roosevelt conduziu exercícios com a Malásia, e o porta-aviões chinês Liaoning se encaminhou para o estreito de Miyako, uma passagem de 250 quilômetros entre as ilhas japonesas de Okinawa e Miyako, para conduzir "exercícios programados" perto de Taiwan.
Há ainda o aumento da presença da guarda costeira da China perto de ilhas no mar da China Oriental, que também são reivindicadas pelo Japão. Pequim reivindica as ilhas Diaoyu, que o Japão chama de ilhas Senkaku.
O aprofundamento da disputa com as Filipinas sobre o recife de Whitsun em particular aumentou nos últimos dias, com Manila emitindo declarações com palavras fortes se opondo à presença do que as Filipinas dizem ser uma milícia marítima. Pequim afirmou que seus navios são barcos de pesca se protegendo contra o mau tempo e reiterou suas reivindicações sobre o recife.
Movimentações significativas
Analistas dizem que a presença naval dos EUA em águas vizinhas à China é um sinal da administração do presidente norte-americano Joe Biden para seus aliados na região e para Pequim de que está comprometido em manter uma presença militar na região para conter a China.
"Como as relações China-EUA estão relativamente tensas, os EUA estão colocando mais de sua capacidade militar perto da China […]. Sua transição para o mar do Sul da China e áreas do Pacífico ocidental em particular é uma situação normal", explica o especialista militar chinês Song Zhongping.
De acordo com Collin Koh, pesquisador da Escola S. Rajaratnam de Estudos Internacionais em Singapura, citado pelo South China Morning Post, esta não foi a primeira vez que navios anfíbios dos EUA navegavam pelo mar do Sul da China, mas que foi significativo, dadas as atuais tensões nas águas.
O comentarista militar Liang Guoliang disse à mídia: "O USS Makin Island vai mostrar a força da Marinha norte-americana. Eles vão dizer aos militares chineses que, embora Pequim tenha construído três pistas de pouso nas ilhas Spratly que podem acomodar todos os tipos de aviões de guerra, a Marinha dos EUA tem a capacidade de pouso nas ilhas mais poderosas do mundo para lidar com eles [os chineses]".