Os corpos de doze estrangeiros foram encontrados à porta do hotel Amarula Lodge, em Palma, vila na costa moçambicana. Acredita-se que o massacre tenha sido cometido por terroristas ligados ao Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) que já reivindicou outros ataques recentes na região, de acordo com informações do The Times.
Segundo testemunhas, os corpos estavam amarrados e decapitados, e todos foram encontrados debaixo de uma árvore à porta do hotel. Os estrangeiros foram alvejados ao tentar fugir em carros, e antes tentaram pedir ajuda escrevendo "help" no terreno do hotel. O grupo armado teria atacado a vila na semana passada e cometido os assassinatos no domingo (4), de acordo com o Ministério da Defesa moçambicano.
"Um grupo de terroristas entrou, dissimuladamente, na vila sede do distrito de Palma e desencadeou ações que culminaram com o assassinato covarde de dezenas de pessoas indefesas e danos materiais em algumas infraestruturas do governo", afirmou Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional de Moçambique.
Omar Saranga fez o rescaldo dos ataques a Palma e fez pronunciamento à imprensa na capital Maputo, sem direito a perguntas dos jornalistas. "As FDS [Forças de Defesa e Segurança] registaram com pesar a perda de sete vidas de um grupo de cidadãos que se precipitou em um comboio de carros à saída do hotel Amarula, que foi emboscada pelos terroristas", declarou.
Ainda na coletiva, o porta-voz disse que as FDS reforçaram a sua "estratégia operacional" para conter as investidas dos criminosos e repor a normalidade na vila de Palma, tendo nos últimos três dias executado ações focadas no resgate de centenas de pessoas, nacionais e estrangeiros, e na proteção de cidadãos e seus bens.
"Neste momento, as FDS continuam a clarificar as zonas de Palma por forma a garantir um regresso seguro das populações. As posições das FDS estão todas sob seu controle", tranquilizou Omar Saranga.
Oficiais locais revelaram que a invasão do hotel durou alguns dias. E as vítimas eram empreiteiros que trabalhavam em um projeto de gás na vila e se refugiaram no hotel após o ataque dos terroristas. O ataque coordenado, que começou em 24 de março, foi o mais ousado de uma insurgência que começou em 2017.
A violência na região norte de Moçambique é pauta desde outubro de 2017 e já provoca uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes até o momento. Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo jihadista Daesh entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.
Recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, anunciou o envio de 60 militares para ajudar Moçambique na formação militar para combater ataques terroristas reivindicados pelo Daesh. O analista José Palmeira, professor de Relações Internacionais do Departamento de Ciência Política da Universidade do Minho, disse à Sputnik Brasil que Brasília também estaria preparado para dar suporte militar a Moçambique, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).