De acordo com avaliações dos autores do estudo, se for possível conter o aumento da temperatura ao nível do objetivo do Acordo de Paris (dois graus), a área em risco de desabamento se reduzirá para metade, evitando assim uma elevação catastrófica do nível do mar. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Geophysical Research Letters.
Uma plataforma de gelo é uma massa de gelo espessa e flutuante que se forma onde as geleiras fluem até a linha de costa.
Uma equipe de pesquisadores britânicos da Universidade de Redington, usando métodos avançados de modelação do clima regional, construiu um modelo preditivo do impacto do aumento do derretimento e do escoamento de água nas plataformas de gelo da Antártica. Segundo os cientistas, 34% de todas as plataformas antárticas correm o risco de desestabilização em caso de aumento das temperaturas em quatro graus.
Os cientistas determinaram que a plataforma de gelo Larsen, a maior do continente, está agora em maior risco de colapso. Em 2017, um enorme iceberg se desprendeu desta plataforma de gelo, diminuindo-a em 12%.
Cada verão na Antártica, a superfície das plataformas derrete, a água escorre através de rachaduras e se acumula em cavidades de ar no interior, onde no inverno volta a congelar. No entanto, em anos em que muito gelo derrete, a água flui através das rachaduras na superfície das plataformas, aprofundando e alargando essas fendas até que partes da plataforma se separam e ficam à deriva no mar. Os cientistas acreditam que, se a água se acumula regularmente na superfície de uma plataforma de gelo, é provável que esta desabe.
"As plataformas de gelo são importantes amortecedores que impedem o movimento livre das geleiras da costa para o oceano, o que causa a elevação do nível do mar. Se a temperatura continuar crescendo ao ritmo atual, nas próximas décadas podemos perder mais plataformas de gelo antárticas do que nunca. Os dados obtidos ressaltam a importância de contenção do aumento da temperatura global, se quisermos evitar piores consequências da mudança climática", notou um dos autores da pesquisa, a meteorologista Ella Gilbert, citada pelo portal EurekAlert!.