Segundo reporta a agência AP News, as comunicações privadas reveladas na sexta-feira (9) poderão envergonhar a agência de saúde da ONU.
Procuradores de Bergamo colocaram o doutor Ranieri Guerra, que na época era diretor-geral assistente na OMS, sob investigação juntamente com outras seis pessoas por, alegadamente, ter feito falsas declarações aos mesmos, após ter voluntariamente concordado em ser questionado por eles em novembro de 2020.
Guerra não respondeu de imediato aos pedidos de comentário sobre o caso. Contudo, a agência italiana de notícias AGI informou que Guerra se encontrava chocado e "profundamente amargurado" com a atitude dos procuradores. O funcionário da OMS espera, assim, que a organização de saúde lhes responda a suas questões, apesar de dizer que se mantém disponível para mais clarificações.
De acordo com a mídia, doutor Ranieri Guerra teria, supostamente, contado tudo o que saberia aos procuradores que agora o colocaram sob investigação, mas que na época não teria tido acesso a toda a informação.
Guerra foi um alto funcionário do Ministério da Saúde de Itália entre 2014 e 2017, quando o plano de preparação para pandemias deveria ter sido atualizado para cumprir as diretivas da UE.
Quando questionada na época se Guerra ou o governo italiano teriam intervindo na ocultação do relatório, a OMS respondeu que ele foi removido por seu escritório regional em Copenhague devido a "imprecisões fatuais".
No entanto, a documentação compilada pelos procuradores de Bergamo indica que Guerra fez com que o relatório fosse eliminado, pois este não agradou o governo italiano. A documentação incluía conversas privadas na plataforma WhatsApp entre Guerra e um importante funcionário da Saúde Pública italiano, doutor Silvio Brusaferro.
Em uma de suas várias conversas, Guerra teria escrito a Brusaferro que se estaria reunindo com o chefe de gabinete do ministro da Saúde para revisar o relatório, e que o gabinete do ministro, alegadamente, "disse para ver se podemos fazê-lo [o relatório] desaparecer".
Os procuradores entregaram suas alegações contra Guerra em um pedido formal de oito páginas dirigido ao Ministério das Relações Exteriores italiano, esperando conseguir assistência da OMS para sua investigação.