Taiwan está planejando realizar exercícios militares de fogo real nas ilhas Pratas – chamadas por Pequim de ilhas Dongsha – no mar do Sul da China, após receber relatórios de que Pequim teria enviado drones para reunir informação sobre essa área disputada, segundo o South China Morning Post.
As ilhas Pratas encontram-se a cerca de 450 quilômetros a sudoeste da cidade portuária taiwanesa de Kaohsiung.
"Haverá dois exercícios de fogo real, um em 25 de abril e outro em 5 de maio, e já enviamos avisos às agências relevantes para alertarem os pescadores e aeronaves a se manterem fora das zonas de disparos", informou uma fonte da Administração da Guarda Costeira de Taiwan, citada pela mídia chinesa.
Para além de testarem as armas existentes, as forças estacionadas nas ilhas também testarão os foguetes portáteis Krestel, com alcance de 400 metros, "utilizados para repelir embarcações de desembarque anfíbio e qualquer assalto por mar", de acordo com fontes militares citadas na matéria.
Em seu último relatório orçamentário, o Conselho de Assuntos Oceânicos de Taiwan, que supervisiona a Guarda Costeira, solicitou fundos para mais 164 Kestrels, a serem implantados nas ilhas Pratas e 128 em Taiping, outra ilhota controlada por Taiwan no mar do Sul da China.
Assim, as forças da 99ª brigada do Corpo de Fuzileiros se juntarão aos agentes da Guarda Costeira estacionados nas ilhas.
Lee Chung-wei, chefe do Conselho de Assuntos Oceânicos, avisou na quarta-feira (7) que "se drones entrarem em nosso espaço aéreo, os trataremos de acordo com as regras; se for necessário abrir fogo, abriremos fogo", citado pelo South China Morning Post.
Estas declarações podem ser vistas como um aviso face a especulações de que o Exército de Libertação Popular (ELP) da China pode vir a tentar capturar as ilhas Pratas, em meio às tensões crescentes entre Pequim e Taipé.
Por outro lado, as crescentes ações militares da China no mar do Sul da China poderiam ser entendidas como uma resposta à proximidade entre Washington e Taipé. É importante sublinhar que Pequim considera Taiwan parte de seu território, pelo que não aceita interferência de outros atores em seus "assuntos internos".
Segundo Wang Kung-yi, diretor do think tank Sociedade de Estudos Estratégicos Internacionais de Taiwan, "com Washington e Pequim enviando grupos de porta-aviões para águas perto de Taiwan e para o mar do Sul da China, a situação tem se tornado bastante tensa, e Lee estar ameaçando abrir fogo contra drones do ELP apenas serve para escalar as tensões na região", disse ele, citado pela mídia chinesa.