Os indicadores compostos avançados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para o mês de março mostram que o Brasil é a única grande economia mundial que aparece com desaceleração. Segundo a organização, há um "abrandamento do crescimento" da economia brasileira.
O economista Mauro Rochlin, professor dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que, para entender o atual cenário, é preciso olhar também para o que estava ocorrendo no país antes da pandemia da COVID-19.
"O país vinha de três anos de baixíssimo crescimento econômico e de um trimestre de crescimento negativo, ou seja, a gente não pode falar que a economia brasileira era uma economia pujante que desfrutava de um dinamismo maior", destacou.
A classificação da OCDE funciona da seguinte maneira: na chamada "expansão", o indicador aumenta e fica acima dos 100 pontos; na "inflexão" o indicador diminui, mas continua acima de 100; na "desaceleração", há uma baixa para menos de 100; e na "retomada", o indicador aumenta, mas ainda fica abaixo de 100.
Atualmente, o Brasil soma 103,1 pontos, o que significa que a economia brasileira continua em rota de crescimento, mas que a tendência é de ritmo menor.
Segundo Mauro Rochlin, para o Brasil mudar essa tendência e recuperar o progresso econômico, é preciso que o país vá na "raiz do problema" ao invés de apenas olhar para os danos causados pela pandemia.
"As questões são mais profundas, dizem respeito à infraestrutura, à necessidade de reformas, dizem respeito a uma remodelagem do sistema administrativo e tributário", explicou.
Para o especialista, o Brasil precisa aprovar reformas que não causem danos sociais no país e ajudem a retomar o crescimento sustentável.
"Olhando de forma bem objetiva para o que o Brasil precisa dispor para poder pensar em um crescimento mais intenso está a reforma administrativa, que pode reduzir o peso do Estado sem maiores ônus em termos sociais. E uma reforma tributária que faça pesar sobre aqueles que tem maior capacidade contributiva a carga que hoje o Estado é obrigado a carregar", defendeu.