De acordo com o presidente internacional da MSF, o médico Christos Christou, as autoridades brasileiras desdenharam do disseminação descontrolada da COVID-19 durante o ano passado. Para o médico, a recusa do Brasil em adotar medidas de saúde pública baseadas em evidências fez com que "muitos morressem prematuramente".
"A resposta à pandemia precisa urgentemente de um recomeço, baseado em conhecimentos científicos e bem coordenado, para evitar mais mortes desnecessárias e a destruição de um sistema de saúde conceituado e prestigiado", afirmou Christou no comunicado.
Segundo o presidente internacional da organização, a "falha na resposta à COVID-19 conduz o Brasil à catástrofe humanitária".
Entre as críticas ao governo brasileiro no combate à pandemia, a MSF citou a propagação de desinformação sobre medidas de prevenção, como distanciamento e uso de máscaras, e a defesa de medicamentos sem comprovação de eficácia contra o coronavírus, como cloroquina e ivermectina.
"As medidas de saúde pública se tornaram um campo de batalha político no Brasil. Como resultado, as políticas baseadas na ciência estão associadas a opiniões políticas, em vez da necessidade de proteger os indivíduos e suas comunidades da COVID-19", completou Christou.
O comunicado da MSF lembra também que, na semana passada, 11% do total de novos casos e 26,2% das mortes por COVID-19 em todo o mundo ocorreram no Brasil.
Para a organização, os números de óbitos e novas infecções no país são "cifras estarrecedoras", que representam "um indicativo claro da falta de habilidade das autoridades em lidar com a crise humanitária e de saúde que atinge o país e do seu fracasso em proteger os brasileiros, especialmente os mais vulneráveis, do vírus".