Conforme reporta o The Independent, outros veículos de imprensa também receberam informação da existência destas conversações, com base em relatos de um oficial iraniano sob anonimato.
Na segunda-feira (19), uma agência de notícias iraniana citou uma "fonte de informação" dizendo que as conversações teriam, de fato, ocorrido, e que o tema central das mesmas teria sido a guerra no Iêmen, onde Teerã e Riad apoiariam grupos armados rivais.
Citada pelo Clube de Jovens Jornalistas do Irã, essa fonte teria referido que o reino saudita queria pôr fim ao seu engajamento militar no Iêmen contra o grupo houthi, supostamente apoiado pelo Irã.
Sanam Vakil, vice-diretor do programa do Oriente Médio e da África do Norte da Casa Chatham, explica que "enquanto Riad está buscando progresso com o Iêmen, se comunicar diretamente com o Irã seria mais produtivo do que através de terceiros", citado pela mídia britânica.
Contudo, Vakil coloca a seguinte importante questão: teria o Irã a capacidade de influenciar os houthis neste assunto? Adicionalmente, "também não temos uma ideia clara do que os sauditas são capazes de oferecer aos iranianos", citado pelo The Independent.
Porém, Saeed Khatibzadeh, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, afirmou na segunda-feira (19) que Teerã estaria aberto para todas as conversações necessárias, sem confirmar ou negar a veracidade da existência das conversações "secretas".
Caso tenham ocorrido, ou venham ainda a ocorrer, estas conversações seriam um marco importante nas relações das duas nações do golfo Pérsico.
Irã e Arábia Saudita têm estado em maus termos desde 2016, quando uma missão saudita na República Islâmica foi atacada em resposta à execução de um clérigo xiita no reino saudita. A chegada do ex-presidente norte-americano Donald Trump ao poder apenas piorou a situação, fechando contratos de venda de armas milionários a Riad, abandonando o acordo nuclear com o Irã em 2018 e reimpondo pesadas sanções à nação persa.
No entanto, com a administração Biden, existe uma possibilidade de Teerã e Washington voltarem ao acordo nuclear de 2015, o que poderia contribuir para uma aproximação gradual das duas nações do Oriente Médio.