O chefe do serviço de inteligência britânico, conhecido como MI6, Richard Moore afirma que a "imprudente" Rússia está em declínio e que Moscou enfrenta vários desafios agora.
"A Rússia é, objetivamente, uma potência em declínio econômico e demográfico. É um lugar extremamente desafiador", disse Moore em entrevista publicada neste domingo (25) no jornal The Sunday Times.
Essa avaliação depreciativa da situação da Rússia não impediu o chefe da espionagem britânica de colocar o país no topo da lista de suas preocupações, segundo a mídia.
Moore justificou esse destaque pela necessidade de lidar com o alegado "comportamento imprudente" de Moscou. Entre os exemplos citados pelo chefe do MI6 está as acusações do governo tcheco de envolvimento da Rússia em explosões em um depósito de munições em Vrbetice, em 2014.
Neste domingo (25), o presidente da República Tcheca, Milos Zeman, afirmou existirem duas versões sobre a causa das explosões contribuíram para a grave deterioração das relações entre Praga e Moscou: uma inclui a interferência de serviços secretos estrangeiros, neste caso da inteligência russa, enquanto a outra se baseia no possível manuseamento descuidado das munições.
Moscou rechaçou as acusações sobre seu alegado envolvimento nas fatais explosões no depósito de munições, classificando-as como "inaceitáveis".
Atenção à fronteira com Ucrânia
Outro ponto de preocupação para Moore é a redistribuição de tropas da Rússia para mais perto da fronteira com a Ucrânia, onde o britânico acredita que um conflito pode ressurgir com novas forças.
O Reino Unido e os EUA temem a possibilidade de uma invasão russa na Ucrânia. Eles alertaram o Kremlin sobre as consequências potenciais, se esses temores ganharem vida, disse o chefe do MI6 à mídia.
"Os russos não têm absolutamente nenhuma dúvida sobre a posição do Reino Unido sobre essa questão. E eles não têm absolutamente nenhuma dúvida sobre a posição do governo [do presidente dos EUA Joe] Biden sobre essa questão, porque os canais estão abertos [...]. Não peguei o telefone, mas eu tenho meios de comunicar o que preciso fazer", disse Moore.
Moscou rejeitou repetidamente as preocupações dos governos ocidentais, enfatizando que o controle sobre o envio de tropas é direito soberano da Rússia.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu assistiu na quinta-feira (22) aos exercícios militares russos que foram realizados em Opuk, Crimeia, e que contaram com participação de mais de 10.000 soldados, 1.200 veículos e 40 navios de guerra.