Irã reconhece autenticidade de áudio vazado com declarações polêmicas do ministro Zarif

Um áudio vazado colocou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, em uma posição complicada no governo de Teerã.
Sputnik

As alegações de Zarif sobre os militares estarem tomando decisões importantes ao invés dos políticos podem afetar a próxima eleição presidencial no país.

Teerã não negou a autenticidade das gravações de áudio do ministro Javad Zarif conversando com o economista iraniano Saeed Laylaz sobre a tomada de decisões na República Islâmica, mas observou que suas declarações, primeiramente publicadas pela mídia Iran International, foram retiradas do contexto.

"O que Zarif disse deveria ser visto como um todo e não escolhido a dedo", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Saeed Khatibzadeh.

O porta-voz também afirmou que o encontro entre Zarif e Laylaz não era para ser uma entrevista e seu conteúdo jamais deveria ter sido publicado. O diálogo foi parte de um projeto de pesquisa de "história oral" do economista iraniano.

"Isso foi parte de um diálogo de rotina e confidencial que ocorre dentro da administração [...] O Ministério das Relações Exteriores não interveio na seleção da equipe e operadores da entrevista e na manutenção dos arquivos. Nós não sabemos quem fez isso e por qual motivo", afirmou Khatibzadeh.

Na gravação, Zarif fez uma série de declarações sobre as peculiaridades dos processos políticos em Teerã, alegando que os militares do país têm poder suficiente para se sobrepor à chancelaria.

"Na República Islâmica os militares ditam as regras. Eu sacrifiquei a diplomacia pelo campo militar, ao invés de ser esse campo a servir a diplomacia", afirmou Zarif.

A gravação constrangeu as autoridades do país, bem como os militares e o líder supremo aiatolá Ali Khamenei.

Além disso, Zarif faz diversas declarações controversas sobre o general iraniano Qassem Soleimani, assassinado em 2 de janeiro de 2020 pelas forças norte-americanas no Iraque, comentando que por vezes suas ações eram mais prejudiciais do que boas.

Estas declarações podem comprometer as eleições presidenciais no país, que estão previstas para ocorrerem no dia 18 de junho de 2021.

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