Cientistas revelam por que uma civilização americana antiga sofreu fim de uma era de desenvolvimento

Arqueólogos alertam que em nosso mundo de hoje "haverá problemas reais" se não estivermos preparados para enfrentar desafios semelhantes aos das sociedades Pueblo.
Sputnik

Um grupo de arqueólogos descobriu por que as sociedades Pueblo, que entre os séculos VI d.C. e XIV d.C. viveram no que hoje é o sudeste dos Estados Unidos, sofreram várias vezes o fim de uma era de desenvolvimento, segundo nota publicada na segunda-feira (26) pela Universidade Estadual de Washington.

Especificamente, o texto indica que a tensão social acumulada ao longo dos anos provavelmente desempenhou um papel substancial em três períodos de tempo em que o desenvolvimento daquela antiga civilização foi seriamente afetado.

Nesse sentido, asseguram que esse fator foi mais decisivo do que os problemas climáticos, por exemplo, a seca, que muitas vezes é apontada como principal causa do fim de eras de abundância de sociedades agrícolas.

'Termômetro social'

"As sociedades coesas muitas vezes podem encontrar maneiras de superar os desafios climáticos", explicou Tim Kohler, arqueólogo da Universidade Estadual de Washington e coautor do estudo.

"Mas as sociedades que se dividem por dinâmicas sociais internas de qualquer tipo, que podem ser diferenças de riqueza, disparidades raciais ou outras divisões, são frágeis devido a esses fatores", acrescentou, destacando que nesses casos os desafios climáticos podem se tornar "muito graves".

Os especialistas analisaram os anéis das vigas de madeira usados para a construção, que forneceram informações importantes sobre o corte de árvores nas diferentes épocas em que viveu essa civilização.

"Este registro é como um termômetro social", disse Kohler. "A extração de madeira e a construção são componentes vitais dessas sociedades. Qualquer desvio do normal indica que algo está acontecendo", acrescentou.
Cientistas revelam por que uma civilização americana antiga sofreu fim de uma era de desenvolvimento

Desta forma, eles perceberam que a recuperação enfraquecida das interrupções na atividade de construção precedeu três grandes transformações das sociedades Pueblo. Eles também notaram um aumento nos sinais de violência ao mesmo tempo, confirmando que a tensão provavelmente havia aumentado e que as sociedades estavam se aproximando de um ponto de inflexão.

Marten Scheffer, pesquisador da Universidade de Wageningen, nos Países Baixos, que liderou a pesquisa, disse que "esses sinais de alerta são surpreendentemente universais", porque "se baseiam no fato de que a desaceleração na recuperação de pequenos choques indica perda de resiliência".

"Hoje enfrentamos vários problemas sociais, incluindo a crescente desigualdade de riqueza associada a profundas divisões políticas e raciais, assim como a mudança climática não é mais teórica", disse Kohler. "Se não estivermos preparados para enfrentar os desafios das mudanças climáticas como uma sociedade coesa, haverá problemas reais", concluiu.
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