Hamas denuncia bloqueio de voto palestino em Jerusalém Oriental como 'golpe de Estado'

Na noite de quinta-feira (29), dois grupos militantes palestinos boicotaram uma reunião palestina, certos de que as eleições palestinas seriam adiadas.
Sputnik

Mahmoud Abbas, presidente da Palestina, afirmou na manhã desta sexta-feira (30) que as eleições palestinas previstas serão adiadas "até que a participação de nosso povo em Jerusalém esteja garantida".

"Israel ainda está determinado a não permitir que as eleições ocorram em Jerusalém, e nós, de nossa parte, temos tentado repetidamente realizar reuniões de representantes e candidatos dos blocos eleitorais [em Jerusalém], mas fomos atacados e impedidos de realizar qualquer atividade", disse Abbas, citado pela agência de notícias palestina WAFA.

"Hoje [29], uma mensagem veio de Israel e dos Estados Unidos dizendo: 'Não podemos dar uma resposta sobre Jerusalém porque não temos um governo para decidir isso, e estamos ocupados com as eleições [israelenses].' Esta desculpa não é convincente", respondeu.

Em seguida, Abbas listou as exigências do lado palestino.

"Queremos que as eleições sejam realizadas em Jerusalém como em Ramallah [cidade palestina na Cisjordânia], incluindo a campanha eleitoral, a chegada dos candidatos e a liberdade de ação do Comitê Eleitoral Central", continuou Abbas, acrescentando que os israelenses haviam dito que se Hanna Nasser, presidente da Comissão Eleitoral Central palestina, fosse a Jerusalém, "deveríamos enviar um advogado com ele para defendê-lo em sua prisão".

Abbas também disse que os líderes palestinos decidiram formar um "governo de unidade nacional" que respeitaria os acordos feitos pela Organização de Libertação da Palestina.

Hamas denuncia bloqueio de voto palestino em Jerusalém Oriental como 'golpe de Estado'

A decisão do presidente foi feita após uma reunião na noite de quinta-feira (29), para a qual todos os líderes palestinos foram convidados. No entanto, o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina, duas facções militantes que operam na Faixa de Gaza, boicotaram a reunião em protesto contra o que seria um atraso na votação.

"Nosso posicionamento em relação às eleições é claro: rejeição. Não vamos tolerar ou dar cobertura ao atraso das eleições", disse a campanha eleitoral do Hamas na quinta-feira (29), conforme citado pelo jornal The Times of Israel.

Segundo a agência Associated Press, o Hamas denunciou rapidamente o cancelamento das eleições na sexta-feira (30) como um "golpe de Estado".

Dificuldades de eleições palestinas

Em janeiro de 2021, Abbas pediu novas eleições legislativas em maio e uma eleição presidencial em julho, ambas as quais seriam as primeiras desde 2006. As anteriores tentativas de primeiras eleições desde então têm desmoronado devido a questões não resolvidas com Israel e facções palestinas concorrentes.

Jerusalém Oriental é um importante ponto de contenção. Tanto Israel como os palestinos reivindicam a cidade sagrada como sua capital, e Israel alegou anexar o território em 1980, contra o direito internacional. No entanto, Israel concordou nos Acordos de Oslo de 1994 que as eleições ocorreriam em Jerusalém Oriental em postos de correio designados.

"As eleições devem ocorrer em Jerusalém, nossa capital eterna, e seu povo deve ter permissão para se tornar candidato, votar e participar de campanhas. Qualquer outra coisa além disto significa voltar ao Acordo do Século", indicou no domingo (25) uma declaração do Fatah, o partido palestino que domina a Autoridade Palestina e ao qual Abbas pertence, relatou o portal The New Arab.

Trata-se de uma referência ao plano da administração norte-americana de Donald Trump (2017-2021) de Estados israelense e palestino, criticado por não ter contribuições palestinas.

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