Uma estrutura presente na cidade maia de Tikal, Guatemala, aparenta ser uma versão em miniatura da pirâmide de Teotihucan, a antiga megalópole localizada hoje perto da Cidade do México, escreve o portal Live Science.
A pirâmide e o pátio em Tikal podem ter outrora servido de embaixada para visitantes ou embaixadores da megalópole de Teotihuacan, a cerca de 1.000 quilômetros de distância, apontam pesquisadores dirigidos por Edwin Román Ramírez, um arqueólogo da Fundação para o Patrimônio Cultural e Natural Maia (PACUNAM, na sigla em espanhol), com um templo conhecido como a Pirâmide da Serpente Pluvial e um pátio de 15,2 hectares, suficientemente grande para acomodar 100.000 pessoas.
Embora não se conheça a primeira fase de construção, sabe-se que a segunda começou em cerca de 250 d.C.
A semelhança está tanto no esquema, como na orientação, contendo artefatos ligados a Teotihuacan, incluindo um túmulo ao estilo dessa megalópole, e por isso, pode ser sinal de uma cooperação mais ampla entre as cidades, argumenta o cientista.
"Isso significa que há uma ocupação realmente longa de pessoas associadas a Teotihuacan em Tikal", disse Ramírez durante o anúncio da descoberta em uma coletiva de imprensa em 8 de abril.
Tikal era uma cidade maia que poderia ter chegado a albergar dezenas de milhares de habitantes entre 250 d.C. e 900 d.C., o Período Maia Clássico. Teotihuacan, por sua vez, poderá ter chegado a mais de 100.000 habitantes na primeira metade do séc. I, e possuía grande influência cultural em outros lugares, com muitos artefatos já encontrados em escavações anteriores na Guatemala, conta Edwin Román Ramírez ao Live Science.
Mais semelhanças
Após iniciar a pesquisa arqueológica em 2019, sua equipe conseguiu encontrar através de LiDAR, um sensor que detecta e alcança luz, a pirâmide e o pátio em Tikal, localizados em meio a uma floresta tropical.
Foram também descobertos milhares de peças de cerâmica, aparentemente para adoração da divindade da chuva de Teotihuacan, uma sepultura, que incluía um falecido com uma fina camada de cerâmica quebrada e cercado por pontas de dardo de obsidianas verdes, usadas pelos guerreiros dessa cidade e um complexo residencial com solo coberto por estuque, um estilo de arquitetura teotihuacano presente em Tikal em geral.
Em 378 d.C. Tikal foi capturada por um general chamado Siyah Kak, representado em uma escultura de pedra como líder munido de um atirador de lanças e uma coruja. Essa escultura também foi encontrada em Teotihuacan.
"O que é interessante e importante para nós é mostrar como Tikal era uma cidade muito multicultural", disse Ramírez.