Em uma declaração, a Coreia do Norte repreendeu o presidente dos EUA, Joe Biden, por dizer, em um discurso no Congresso na última semana, que o programa nuclear de Pyongyang representa "uma séria ameaça à segurança de [Estados Unidos da] América e do mundo".
Em outro trecho, acusou os EUA de se envolverem em "chicanas políticas" na semana passada, quando o Departamento de Estado chamou a Coreia do Norte de "um dos Estados mais repressivos e totalitários do mundo". E uma terceira declaração, atribuída à irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, Kim Yo-jong, advertiu que a Coreia do Sul enfrentaria consequências depois que desertores norte-coreanos usassem balões para enviar folhetos para o território norte-coreano.
Os comentários foram feitos depois que o secretário de imprensa de Biden disse que o governo havia concluído uma revisão de política de meses para a Coreia do Norte e publicados na CNN. Washington planeja buscar uma "abordagem calibrada e prática" que difere da estratégia do governo Trump de buscar uma grande barganha ou do foco do governo Obama na "paciência estratégica".
Biden e seu homólogo sul-coreano, Moon Jae-in, estão programados para se encontrar em Washington no final deste mês. As declarações da Coreia do Norte foram mais focadas no que considerou insultos de Biden, do Departamento de Estado e do governo sul-coreano, e todos empregaram a linguagem bombástica frequentemente vista em declarações norte-coreanas de oposição ou desagrado.
Em resposta aos comentários do Departamento de Estado sobre os direitos humanos na Coreia do Norte, o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte afirmou que os EUA "não têm o direito de sequer discutir direitos humanos".
Kwon Jong-gun, diretor-geral do Departamento de Assuntos dos EUA no Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte, disse que as observações de Biden sobre a Coreia do Norte durante seu discurso foram um "grande erro" que indicava uma "política desatualizada da perspectiva e do ponto de vista da Guerra Fria".
A declaração de Kim veio em resposta a uma organização ativista liderada por um desertor norte-coreano que lançou balões na Coreia do Norte carregando dinheiro e folhetos de propaganda contra a Coreia do Norte em uma tentativa de fornecer aos norte-coreanos informações sem censura sobre seu país e o mundo exterior.
Operações de panfleto como essas normalmente enfurecem os líderes da Coreia do Norte. Pyongyang expressou seu descontentamento demolindo um escritório de ligação comum usado para negociações entre as duas Coreias. É ilegal para os norte-coreanos comuns consumir informações que não sejam aprovadas pela poderosa máquina de propaganda do país, e isso pode trazer consequências terríveis.
A Coreia do Norte afirma que o envio de panfletos é uma violação direta do acordo alcançado na cúpula intercoreana de abril de 2018. Como parte do acordo, tanto a Coreia do Norte quanto a Coreia do Sul concordaram em cessar "todos os atos hostis e eliminar seus meios, incluindo a transmissão por meio de alto-falantes e distribuição de folhetos" ao longo de sua fronteira comum.
Os críticos dizem que a legislação limita a liberdade de expressão simplesmente para apaziguar a Coreia do Norte. Especialistas dizem que a Coreia do Norte pode estar tentando abrir caminho entre Washington e Seul antes que Moon e Biden se encontrem em 21 de maio, explorando o desejo de Moon de reconciliação no último ano de sua presidência.
"A controvérsia dos folhetos é uma maneira pela qual Pyongyang tenta dividir Washington e Seul ao antagonizar a política interna sul-coreana. Os defensores dos folhetos tendem a exagerar a eficácia do envio de garrafas e balões para a Coreia do Norte. Enquanto isso, os defensores da recente proibição dos folhetos exageram a importância de essa legislação para a segurança dos residentes nas áreas fronteiriças", destacou Leif-Eric Easley, professor associado de Estudos Internacionais na Universidade Ewha Womans, em Seul.