Segundo o jornal Folha de S.Paulo, secretários estaduais de Saúde pediram ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a adoção urgente de medidas restritivas nas fronteiras do país para evitar a chegada de novas variantes do coronavírus no Brasil.
A principal preocupação é com a cepa indiana, que se espalha rapidamente e poderia causar uma infecção mais perigosa.
Para Daniela Alves, professora de relações internacionais do Ibmec-São Paulo e mestre em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a medida é adequada para o atual cenário.
"As medidas restritivas que foram solicitadas pelos secretários de Saúde, ao meu ver, são adequadas para esse momento. Aliás, toda iniciativa que evite o aumento de casos e a entrada de novas variantes aqui no país deve ser avaliada", disse a pesquisadora responsável pelas áreas de saúde e relações internacionais do Laboratório de Bioética e Ética na Ciência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Quarentena obrigatória
Além disso, os gestores de Saúde pedem a implementação da quarentena obrigatória de 14 dias para viajantes oriundos de locais com alta prevalência de variantes ou maior risco epidemiológico.
"Existem diversas restrições que foram aplicadas desde o ano passado e foram alteradas ao longo do tempo, de acordo com a evolução da pandemia em cada país. Há países, por exemplo, que restringem totalmente alguns voos, outros implementam a quarentena como alternativa, como essa que os secretários solicitaram e estão tentando aplicar no Brasil", afirmou a pesquisadora.
Governo estuda suspensão de voos
Segundo matéria do jornal O Globo, o governo estuda suspender os voos provenientes da Índia. A proposta estaria em discussão no Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 (CCSMI).
Além disso, pode ser adotada exigência de apresentação à companhia aérea, pelos viajantes, de teste laboratorial de COVID-19 (PCR) 72 horas antes do embarque.
Orientação da OMS
Daniela Alves defende a restrição à entrada de viajantes provenientes de outros países e diz que a medida, no contexto da pandemia, é "eticamente justificável", inclusive por orientação da Organização Mundial da Saúde.
"A medida também pode ser considerada eticamente justificável. A própria orientação ética da OMS indica que as razões para impor restrições devem estar estritamente relacionadas aos riscos que os indivíduos podem representar para os outros. Portanto, é uma medida que pode ser adequadamente avaliada, sim", argumentou.
Atualmente a Índia é o país que atravessa a pior crise da COVID-19 no mundo, com alta de casos e colapso no sistema de saúde. A nação ultrapassou a marca de 20 milhões de casos, número que, até o momento, só foi atingido pelos Estados Unidos.