A Casa Branca está sendo levada a repensar sua estratégia de vacinação contra o coronavírus, uma vez que as taxas de inoculação em queda geram temores de que bolsões "perdidos" no país possam se tornar criadouros para variantes mais perigosas do vírus.
Houve registro de queda das taxas de vacinação nas comunidades rurais e entre os jovens hesitantes sobre as vacinas, e agora funcionários estaduais e federais foram pegos de surpresa por uma queda acentuada na demanda de vacinas em certos "bolsões dos Estados Unidos".
Enquanto observam desenvolvimentos na África do Sul e no Brasil, onde várias mutações de coronavírus foram registradas e podem se espalhar mais facilmente, evitando respostas imunológicas, testes e até mesmo injeções, as autoridades de saúde dos EUA estão deplorando as taxas de vacinação em queda registradas por semanas em algumas regiões montanhosas no sul e oeste do país, relatou o Politico.
As taxas da COVID-19 estão diminuindo, mas os casos permanecem altos em partes dos EUA. A cada sete dias a média de novos casos diários diminui 11,9% em relação à da semana anterior. Vacine-se. Se você não está totalmente vacinado, continue praticando hábitos saudáveis.
De acordo com Rochelle Walensky, diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, as taxas de vacinação em cada comunidade precisam ser aumentadas rapidamente para chegar a 70% a fim de cortar as cadeias de transmissão do coronavírus.
Walensky alerta que as mutações do coronavírus "são como uma carta curinga que pode reverter esse progresso que fizemos e pode nos atrasar", em meio a dúvidas crescentes de que a meta de 70% possa ser alcançada.
Aproximadamente 45% de todos os norte-americanos receberam pelo menos uma dose de vacina. A situação no estado do Alabama é uma das mais preocupante do país, onde apenas 33% da população foram vacinados. Os casos aumentaram ligeiramente no último mês, com as autoridades de saúde pública preocupadas que seja apenas uma questão de tempo até que surja alguma mutação evoluída perigosa.
"É uma ameaça muito real", disse Jeanne Marrazzo, diretora da Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade do Alabama, em Birmingham. "Se você tem uma população que não está bem vacinada e combina isso com muita atividade que pode espalhar o vírus, as coisas podem disparar."
Estima-se que Mississippi e Louisiana tenham aproximadamente as mesmas taxas de vacinação do Alabama. Os dados para Arkansas, Geórgia, Idaho, Tennessee e Wyoming são apenas marginalmente melhores, com as contagens de casos da COVID-19 atingindo um platô nesses estados.
Possibilidade de variantes preocupa autoridades
Enquanto o mundo luta para conter a propagação da pandemia da COVID-19, lançando testes e inoculação com uma infinidade de vacinas já disponíveis, o vírus SARS-CoV-2 que causa a doença respiratória já desenvolveu várias mutações. Elas diferem da cepa do vírus original em vários aspectos importantes.
Apelidadas de "variantes de preocupação" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), elas geraram temores de que possam ser mais contagiosas, mais difíceis de detectar ou tratar e de evitar a resposta imunológica do corpo.
Uma forma de evitar um potencial "cenário do Juízo Final" é realizar o sequenciamento do vírus para detectar mutações. No entanto, de acordo com relatórios, o sequenciamento feito nos EUA ainda está abaixo de um nível que poderia oferecer garantias confiáveis de que forneceria um aviso prévio substancial.
Todas as três vacinas autorizadas para uso nos EUA parecem ser relativamente eficazes contra as variantes conhecidas do coronavírus. No entanto, isso não é suficiente para dissipar as preocupações.
O esforço de vacinação em massa tem sido reforçado com vans refrigeradas, clínicas de saúde comunitárias e campanhas porta a porta nas comunidades rurais nos EUA. As localidades estão sendo instadas a estabelecer locais ambulantes, em um esforço para tornar a vacinação mais conveniente.
"Nossa maior ameaça ao progresso seria uma variante capaz de iludir a terapêutica e as vacinas que temos atualmente. É por isso que sinto que devemos estar tão vigilantes", disse a senadora Tammy Baldwin.