Especialistas da Universidade Mercer nos EUA encontraram há alguns anos um artefato entre suas coleções e começaram o processo de autenticação. Através de tomografias computadorizadas e análise de características como o tamanho, estrutura facial e cabelo, detectaram que se trata de um artefato cerimonial original.
As tsantsas são artefatos únicos que foram produzidos até meados do século XX por povos amazônicos espalhados pelo Equador e Peru, como os shuar. Os cientistas explicam que as tsantsas eram feitas fervendo as cabeças dos inimigos mortos em combate. Durante a invasão cultural ocidental no século XIX estes artefatos se tornaram peças valiosas como lembranças.
Esta tsantsa em particular foi adquirida em 1942 por James Harrison, um ex-membro da Faculdade de Biologia de Mercer, e no final dos anos 70 foi emprestada para a produção do filme "Sangue Selvagem", onde aparece unida a um corpo falso.
É confirmado que estranha cabeça encolhida usada como adereço de filme é uma tsantsa verdadeira feita por comunidades amazônicas.
Antes de sua morte em 2016, Harrison afirmou em suas memórias que adquiriu o objeto como parte de troca com um membro de uma tribo na Amazônia equatoriana. Encheu a cavidade interior da cabeça com papel de jornal e a trouxe aos Estados Unidos para exibir.
No total, os cientistas confirmaram 30 de 33 indicadores de autenticação fornecidos pelo Instituto Nacional do Patrimônio Cultural do Equador, concluindo que é uma tsantsa autêntica e não se trata de uma falsificação. No entanto, os pesquisadores acreditam que algumas características autênticas do objeto poderiam ter sido danificadas durante a produção cinematográfica.
Os resultados do estudo foram aceitos pelo governo equatoriano e a peça cultural foi devolvido em meados de 2019. Os cientistas também fizeram uma réplica em 3D da tsantsa para fins culturais e históricos.