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'Suspender AstraZeneca para gestantes foi uma boa decisão', diz especialista em imunização

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão da aplicação da vacina da AstraZeneca contra a COVID-19 para mulheres grávidas, após a morte de duas gestantes, uma no Rio de Janeiro e outra na Bahia.
Sputnik

A agência não restringiu a aplicação das vacinas CoronaVac e Pfizer em grávidas e em relação à da AstraZeneca emitiu uma recomendação.

"A orientação é que a indicação da bula da vacina AstraZeneca seja seguida pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). A orientação e resultado do monitoramento de eventos adversos feito de forma constante sobre as vacinas COVID-19 em uso no país. O uso offlabel de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente. A bula atual da vacina contra a COVID-19 da AstraZeneca não recomenda o uso da vacina sem orientação médica", diz o comunicado.
'Suspender AstraZeneca para gestantes foi uma boa decisão', diz especialista em imunização

A Sputnik Brasil ouviu a opinião da médica Isabela Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações e coordenadora do grupo de trabalho em vacinação e imunização do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj).

Ela começou dizendo que o posicionamento da Anvisa de interromper a aplicação da vacina da AstraZeneca em gestantes é uma precaução, pois não há um risco detectável de mais gestantes que tenham tido trombose por causa do imunizante.

"A gente sabe que trombose em gestantes acontece uma em cada 1.000 ou 2.000 gestantes, então é uma situação bastante incidente e a coincidência com a vacina vai gerar sempre a dúvida e se a gente tem outra vacina para aplicar na gestante, com mais tranquilidade, essa deve ser a opção", explicou Isabela.

A médica disse que a vacina da AstraZeneca mostra ser segura, apesar dos relatos com relação à trombose, principalmente uma específica chamada de autoimune e que não há dados em gestantes aqui no Brasil. Mas a incidência de trombose seguida da vacinação com a AstraZeneca é de 0,004%, segundo a especialista, ou seja, um risco muito baixo.

"No entanto, diante da situação da gestante que já tem uma predisposição a ter trombose, é melhor escolher outras vacinas para ela antes que a gente tenha mais casos, mais dúvidas, e menos segurança por parte de todos", completou a médica.

Vacinas CoronaVac e Pfizer 

Isabela disse que em relação às duas outras vacinas contra o coronavírus que estão sendo aplicadas no país — CoronaVac e Pizer — não há registros de eventos adversos em gestantes, ainda que fora do Brasil. Inclusive em relação ao imunizante da Pizer já há bastantes dados nos Estados Unidos, onde gestantes receberam essa vacina, demonstrando sua segurança.

"E a CoronaVac é uma vacina que na sua fase 1 foi testada em fêmeas de animais prenhas e também mostrou ser uma vacina que não causou nenhum evento adverso grave nessas cobaias", disse.

Perguntada sobre se com menos um imunizante, o calendário de vacinação para as grávidas poderia sofrer atrasos, Isabela disse que este será mais um desafio a ser enfrentado na luta com a COVID-19.

"Muitas vezes temos a falta da CoronaVac, a Pfizer em poucas doses, vamos ter aí mais um desafio na distribuição dessas vacinas. Lembrando que hoje o que está recomendado é vacinar apenas gestantes consideradas de grupos de risco, como aquelas que têm comorbidades prévias à gestação ou aquelas que são profissionais da saúde", finalizou a especialista.
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