Entidades de produtores rurais nos estados marcaram uma manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo fim das medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos no sábado (15), em Brasília.
De acordo com organizadores, mais de 100 sindicatos rurais pretendem mobilizar manifestantes para se concentrar na Granja do Torto, em Brasília, uma das residências oficiais do presidente.
O vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Lucas Costa Beber, declarou à Sputnik Brasil que a manifestação apoia as pautas defendidas pelo governo Bolsonaro, destacando os ideais que condizem com "os cidadãos brasileiros, cidadãos de bem e focado na família", como "democracia, liberdade, segurança jurídica e voto impresso auditável".
De acordo com ele, a manifestação, que foi marcada especialmente na data do Dia Internacional da Família, tem a defesa da democracia como pauta prioritária, considerando que as medidas restritivas de combate à pandemia da COVID-19 ferem os direitos de liberdade do cidadão.
"A democracia, hoje ela está ameaçada. A gente vê a violação do artigo 5º [da Constituição] com essas medidas contra a pandemia, a liberdade de ter o direito de trabalhar, de ter o direito do cidadão de ir e vir [...] Hoje a gente vê a instituição da família ser tão atacada, e a gente levanta essa bandeira, que a família é a base de tudo, o início de uma sociedade organizada", afirmou.
O cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, em entrevista à Sputnik Brasil, destacou que "não é nenhuma novidade" que o movimento ruralista é uma base de apoio do presidente, junto com as forças policiais, militares e os grupos evangélicos, que formam a chamada bancada "BBB" (bala, boi e Bíblia).
De acordo com ele essas manifestações de apoio ao governo "são, por certo, orquestradas no intuito de trazer algum alívio, algum respiro para o presidente, que está acuado". Um dos motivos que estaria gerando um desgaste para Jair Bolsonaro seria a realização da CPI da Covid.
"O fato da CPI da Covid adiantar e demonstrar fatos que eram de conhecimento, mas que agora estão tomando corpo de depoimentos sob juramento, e que terá depois a produção de um documento oficial, que é o relatório produzido pelo Renan Calheiros [...] é uma demonstração muito clara do receio, do medo, que se tem dos trabalhos da CPI", afirmou.
Ao comentar o fato de que a manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro tem a demanda do voto impresso auditável como umas das pautas centrais do protesto, Rodrigo Prando afirmou que isto representa uma estratégia para colocar em xeque um possível resultado desfavorável nas eleições de 2022.
"É no fundo a construção de uma narrativa que vai buscar, de certa maneira, contestar o resultado de 2022, especialmente se o resultado for negativo para Bolsonaro. Se ele perder a eleição de 2022, provavelmente eles [apoiadores] vão dizer que a eleição foi fraudada, ou coisas do gênero, especialmente pela questão do voto impresso", completou o especialista.