A viagem, liderada pelo então ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, também não obteve sucesso para o compartilhamento de tecnologias de combate à pandemia. As informações estão em documento enviado pelo Itamaraty à bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, divulgado nesta sexta-feira (14).
De acordo com as informações fornecidas pelo ministério, o termo de cooperação sobre o spray nasal não foi finalizado porque o Ministério da Saúde não assinou o documento, escreve o portal Poder 360. Na carta de intenções, é possível ver que Araújo assinou o texto, assim como um representante de Israel.
"O projeto da carta não teve sua celebração completada, uma vez que não foi assinada pelo representante do Ministério da Saúde [do Brasil] e não chegou à troca de instrumentos entre os signatários, conforme prática de negociações internacionais", diz o documento, que é assinado pelo atual ministro das Relações Exteriores, Carlos França.
Os dados do Itamaraty afirmam que a viagem era planejada desde maio de 2020. Contudo, todas as informações sobre esta viagem foram colocadas sob sigilo. São 24 telegramas em sigilo por cinco anos, ou seja, até 2026; e outros quatro por 15 anos, até 2036.
Os motivos para o sigilo não são informados. A classificação de nove dos 28 documentos como sigilosa foi realizada no dia ou depois do pedido de informações pelo PSOL, feito em 16 de março.
Logo depois da viagem, o governo brasileiro exaltou as propriedades do spray nasal. O medicamento foi desenvolvido pelo governo de Israel e foi brevemente testado em pacientes que faziam tratamento contra a COVID-19 em um hospital do país.
A comitiva de dez pessoas do governo federal foi para Israel em 6 de março para negociar o compartilhamento de tecnologias de combate à pandemia e o spray nasal EXO-CD 24.
Ao chegar ao país, a equipe ficou confinada em um hotel e só pôde sair para ocasiões previamente agendadas. Em Israel, na época, havia um rígido controle de quem entrava no país, obrigando visitantes a realizar quarentena de sete dias.