A sessão desta quinta-feira (20) da CPI da Covid no Senado retoma o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, após a suspensão de ontem (19), que foi determinada devido ao início da ordem do dia no Senado, e não porque o ex-ministro teria passado mal, conforme explicou o presidente da comissão.
Durante o depoimento do ex-ministro, Aziz chegou a mencionar que o governo federal teria usado a população de Manaus como "cobaia", o que despertou a ira do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, que rebateu as declarações do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito.
"O senhor me permita, ministro, tudo aquilo que poderia ter feito com o povo do Amazonas e de Manaus para testar, para usar de cobaia, para ter experiência foi feito lá. Inclusive um suposto programa para um suposto diagnóstico se você estava com COVID-19 ou não", disse Aziz, quando Pazuello voltava a explicar sobre o aplicativo TrateCov.
Flávio Bolsonaro, por sua vez, respondeu dizendo que não se tratava de "cobaia", mas sim de uma tentativa de "melhorar o atendimento", e que Manaus foi escolhida porque "foi o primeiro [lugar] a sofrer com isso".
Falta de oxigênio em Manaus
Ao ser indagado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre quem seria responsável pela falta de oxigênio no estado do Amazonas, Pazuello culpou a Secretaria de Saúde do estado e a empresa White Martins.
"A preocupação com o acompanhamento do oxigênio não era o foco da secretaria de Saúde do Amazonas. No próprio plano de contingência, [ela] não apresentava nenhuma medida quanto ao oxigênio. A empresa White Martins já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez sua posição de uma forma clara desde o início. Se a Secretaria de Saúde tivesse acompanhado de perto, teria descoberto que estava sendo consumida uma reserva estratégica", afirmou o ex-ministro.
O parlamentar amazonense também questionou Pazuello por que o governo não decretou intervenção no Amazonas, após uma solicitação feita pelo próprio senador, e o ex-ministro respondeu que essa não era uma decisão sua e que o assunto foi levado a uma reunião de ministros, que contou com a presença do governador do Amazonas Wilson Lima (PSC) e do presidente Bolsonaro, na qual se decidiu pela não intervenção.
Debate esquenta com discussão sobre distribuição de cloroquina e sessão é suspensa
Após os senadores iniciarem discussão sobre a distribuição de cloroquina nos estados e municípios, o presidente Omar Aziz decidiu suspender a sessão por dez minutos.
O bate-boca começou durante a intervenção do senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), que exibiu vídeos antigos, datados do começo da pandemia, com declarações de diversos governadores de oposição ao governo, como João Doria (SP), Flávio Dino (MA) e Renan Filho (AL), entre outros, falando sobre a distribuição de cloroquina nos hospitais.
O ato do senador provocou a reação de alguns dos membros da CPI. Omar Aziz afirmou que os vídeos eram antigos, "de março de 2020", e ressaltou que a "ciência evolui".
"A ciência é uma coisa que evolui e protocolos são assinados em grandes revistas de especialistas, mensalmente, anualmente, isso aí foi em março de 2020. Em março de 2020, se eu tivesse contraído COVID-19, eu tomaria também cloroquina, porque era o que estava sendo prescrito", declarou Aziz.
Eliziane Gama (Cidadania-MA), por sua vez, defendeu o governador de seu estado, Flávio Dino, ao apontar que "o Maranhão é o estado que tem a menor quantidade de mortes por habitantes", e reiterou que o vídeo era antigo, pois era "de março de 2020".
Logo em seguida, os senadores iniciaram uma discussão acalorada que obrigou o presidente Omar Aziz a suspender a sessão, que, no entanto, já foi retomada e segue com os questionamentos dos senadores ao ex-ministro Eduardo Pazuello.