Nesta quinta-feira (20), a Espanha acusou o Marrocos de chantagem através de sua ministra da Defesa, Margarita Robles, a qual pontuou que, ao criar condições para milhares de imigrantes nadarem até Ceuta, Rabat colocou vidas em perigo "por um propósito que certamente não entendo", disse a ministra relata a Reuters.
"Não aceitaremos qualquer chantagem, por menor que seja, ou qualquer questionamento de nossa integridade territorial", declarou Robles.
Porém, a ministra não explicou o que acusava Marrocos de tentar obter da Espanha, segundo a mídia.
A alteração na diplomacia entre os dois países despontou depois que o país africano protestou contra a decisão de Madri, há um mês, de permitir que Brahim Ghali, líder da Frente Polisário, fosse internado em um hospital espanhol.
Diante do fato, o governo marroquino retirou sua guarda da fronteira com Ceuta na segunda-feira (17), permitindo uma onda de imigrantes chegar ao local. Ao longo de três dias, a polícia e os soldados espanhóis detiveram mais de oito mil pessoas que tentaram atravessar para cidade.
Na terça-feira (18), a embaixadora do Marrocos na Espanha, Karima Benyaich, foi convocada de forma urgente pelo Ministério das Relações Exteriores da Espanha para falar sobre a crise na fronteira. No mesmo dia, Benyaich declarou que há "atitudes que não podem ser aceitas", fazendo referência não explícita à decisão da Espanha em prestar cuidados médicos ao líder da Frente Polisário.
A Frente Polisário, liderada por Brahim Ghali, é um movimento de libertação nacional que luta pela independência do Saara Ocidental em relação ao Marrocos desde 1975, após o fim da ocupação espanhola, e que constantemente pressiona o governo para promover tal ação.
Apesar de não conseguirem ultrapassar a fronteira, muitos marroquinos nadaram até a exaustão para conseguir chegar até a cidade espanhola. Em meio aos confrontos com a polícia, a Cruz Vermelha foi acionada para prestar apoio aos imigrantes.